Aprovação de Trump cai 11 pontos em cinco meses
Primeira pesquisa após guerra tarifária contra o Brasil revela efeito contrário para Trump e Lula
A aprovação do presidente americano passou de 53% em fevereiro para 42% em julho, segundo nova pesquisa da CBS News/YouGov divulgada neste domingo. A população americana tem recebido com crescente rejeição as políticas tarifárias da administração, em um movimento que contrasta diametralmente com o fortalecimento político que Lula experimenta no Brasil após o confronto comercial.
A aprovação do presidente americano passou de 53% em fevereiro para 42% em julho, segundo nova pesquisa da CBS News/YouGov divulgada neste domingo. A população americana tem recebido com crescente rejeição as políticas tarifárias da administração, em um movimento que contrasta diametralmente com o fortalecimento político que Lula experimenta no Brasil após o confronto comercial.

Os números revelam uma trajetória de declínio constante: 53% em 9 de fevereiro, 51% em 2 de março, 50% em 30 de março, 47% em 13 de abril, 45% em 27 de abril, mantendo-se em 45% em 8 de junho, até chegar aos atuais 42%. Cada medição mensal registrou queda ou estagnação, sem qualquer período de recuperação.
A pesquisa, realizada entre 16 e 18 de julho de 2025 com 2.343 adultos americanos e margem de erro de ±2,5 pontos percentuais, mostra que 58% dos americanos agora desaprovam o desempenho presidencial. A intensidade da rejeição é particularmente preocupante: 47% desaprovam “fortemente” Trump, mais que o dobro dos 24% que o aprovam “fortemente”.
O cenário se torna ainda mais desafiador quando analisamos a percepção geral sobre o rumo do país. Apenas 38% dos americanos consideram que as coisas estão indo bem, enquanto 61% acreditam que o país está no caminho errado. Entre estes, 38% consideram que as coisas estão indo “muito mal”, superando os 9% que acreditam que estão indo “muito bem”.
Trump e as tarifas: política impopular agrava cenário de rejeição - As tarifas, uma das políticas centrais da agenda econômica de Trump, enfrentam forte rejeição popular que ajuda a explicar a queda de aprovação presidencial. Três em cada cinco americanos (60%) se opõem à imposição de novas tarifas sobre produtos importados, enquanto apenas 40% as favorecem. Esta oposição majoritária representa um obstáculo significativo para uma das principais promessas de campanha do presidente.
A percepção sobre o foco excessivo em tarifas também prejudica Trump. Segundo a pesquisa, 61% dos americanos consideram que a administração está focando “demais” na imposição de tarifas, enquanto apenas 33% consideram o foco “adequado” e meros 5% acreditam que não é suficiente. A rejeição às tarifas se intensifica justamente no momento em que Trump escala o confronto comercial com o Brasil.
A falta de clareza na política tarifária também gera desconfiança. Quando questionados se Trump tem um plano claro para tarifas e comércio, 57% dos americanos respondem que ele “não tem um plano claro”, contra 43% que acreditam no contrário. Esta percepção de improviso em uma área central da política econômica mina a credibilidade presidencial.
O contraste com as prioridades dos americanos é evidente. Enquanto Trump foca em tarifas, 70% dos entrevistados consideram que a administração não está fazendo “o suficiente” para baixar preços de bens e serviços. Apenas 6% acreditam que há foco “demais” em reduzir preços, evidenciando o desalinhamento entre as prioridades presidenciais e as demandas populares.
Economia e inflação pesam contra o presidente - A gestão econômica emerge como um dos principais pontos fracos da administração Trump. Apenas 40% aprovam seu desempenho na economia, enquanto 60% desaprovam. O quadro se deteriora ainda mais na questão da inflação, onde Trump registra seu pior desempenho: apenas 36% aprovam sua gestão, contra 64% que desaprovam.
A responsabilização pelas condições econômicas atuais também pesa contra Trump. Quando questionados sobre quem é mais responsável pelo estado da economia americana, 48% apontam as políticas de Trump, comparado a apenas 23% que responsabilizam Joe Biden. Esta percepção de responsabilidade direta impacta negativamente a aprovação presidencial.
A situação financeira pessoal dos americanos reflete o descontentamento econômico. Metade dos entrevistados (50%) afirma que as políticas de Trump os deixaram “financeiramente pior”, enquanto apenas 18% se sentem “financeiramente melhor”. Outros 32% consideram que sua situação permanece igual.
O impacto nos preços de alimentos e produtos básicos é particularmente severo. Dois terços dos americanos (62%) afirmam que as políticas de Trump estão fazendo os preços de comida e produtos básicos subirem, enquanto apenas 16% percebem redução nos preços. Para 56% dos entrevistados, a questão da inflação e preços importa “muito” na avaliação da presidência de Trump.

Deportação: programa perde apoio popular - O programa de deportação, inicialmente popular, também enfrenta erosão de apoio. Atualmente, 51% dos americanos desaprovam o programa de deportação, enquanto 49% o aprovam – uma inversão significativa em relação ao início do mandato, quando tinha apoio majoritário.
A percepção sobre os alvos das deportações contribui para esta mudança. Mais da metade dos americanos (52%) acredita que Trump está tentando deportar “mais pessoas do que pensavam”, enquanto apenas 11% consideram que está deportando “menos pessoas”. Esta percepção de excesso nas deportações alimenta a desaprovação.
Mais preocupante para a administração é a percepção sobre as prioridades das deportações. Maioria dos americanos (56%) acredita que Trump está priorizando pessoas “que não são criminosos perigosos”, enquanto apenas 44% consideram que está focando em “criminosos perigosos”. Esta percepção mina o argumento central da política de deportação.
O uso de instalações de detenção também enfrenta forte oposição. Quase seis em cada dez americanos (58%) se opõem à forma como a administração está usando as instalações de detenção, enquanto apenas 42% aprovam.
Imigração: de ponto forte a vulnerabilidade - A imigração, tradicionalmente um ponto forte de Trump, agora apresenta números negativos. Apenas 44% aprovam sua gestão na área, enquanto 56% desaprovam. Esta mudança representa uma transformação significativa na percepção pública sobre uma das principais bandeiras trumpistas.
A percepção sobre a abordagem republicana na imigração também mudou drasticamente. Atualmente, 53% dos americanos consideram que Trump e os republicanos estão sendo “duros demais” na imigração, enquanto apenas 18% acreditam que não estão sendo “duros o suficiente”. Outros 29% consideram a abordagem “adequada”.
Este resultado representa uma inversão completa em relação ao governo Biden, quando a maioria dos americanos considerava que democratas não estavam sendo “duros o suficiente” na imigração. A mudança ilustra como as políticas podem gerar reações pendulares na opinião pública americana.
A questão racial também emerge como fator complicador. Dois terços dos americanos (64%), incluindo hispânicos, acreditam que pessoas hispânicas estão sendo mais visadas em buscas de imigração e deportação do que pessoas de outras origens. Entre aqueles que percebem este direcionamento, a maioria considera a prática “injusta”.
Federal Reserve: independência versus controle presidencial - A relação com o Federal Reserve também gera controvérsia. Embora muitos americanos admitam conhecer pouco sobre as funções do Fed (49% conhecem “pouco” ou “nada”), 68% consideram que a instituição deve tomar decisões “independentemente” de Trump, enquanto apenas 32% acreditam que deve ser “guiada” pelo presidente.
A confiança no presidente do Fed, Jerome Powell, é mista. Apenas 38% expressam “muita” ou “alguma” confiança em Powell, enquanto 34% têm “pouca” ou “nenhuma” confiança. Outros 28% não têm certeza. A divisão partidária é evidente: democratas expressam mais confiança em Powell que republicanos.
Política externa: desafios persistem - Na política externa, Trump enfrenta desaprovação majoritária. Na gestão do conflito Israel-Hamas, apenas 43% aprovam sua abordagem, enquanto 57% desaprovam. Em relação ao Irã, os números são similares: 44% de aprovação contra 56% de desaprovação.
Estes indicadores sugerem que mesmo em áreas tradicionalmente favoráveis aos republicanos, Trump enfrenta resistência significativa da opinião pública.
Sobre a pesquisa: A pesquisa CBS News/YouGov foi realizada entre 16 e 18 de julho de 2025, com 2.343 adultos americanos. A amostra foi ponderada para ser representativa da população adulta nacional por gênero, idade, raça, educação e voto presidencial de 2024. A margem de erro é de ±2,5 pontos percentuais.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: