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      José Reinaldo Carvalho

      Jornalista, editor internacional do Brasil 247 e da página Resistência: http://www.resistencia.cc

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      A emergência da luta anti-imperialista e pela paz

      Eventos em Caracas reafirmam o papel dos povos na construção de uma ordem mundial justa, multipolar e soberana

      Jovens vão às ruas em apoio ao governo de Nicolás Maduro (Foto: Correo del Orinoco )

      José Reinaldo Carvalho - Por iniciativa do Instituto Simón Bolívar pela Paz e a Solidariedade entre os Povos, da Rede de Intelectuais e Artistas em Defesa da Humanidade e da Internacional Antifascista, realizam-se em Caracas, capital da República Bolivariana da Venezuela, nos dias 23, 24 e 25 de julho, jornadas em defesa da paz mundial e contra o belicismo do imperialismo estadunidense, dos seus cúmplices sionistas israelenses e dos países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Entre as atividades, serão realizadas celebrações pelo transcurso em 24 de julho, do natalício do Libertador Simón Bolívar.

      Os eventos em Caracas representam um chamado à resistência internacionalista, à solidariedade entre os povos e à necessidade urgente de reorganizar o sistema mundial com base no multilateralismo e na justiça. Não por acaso, o centro das discussões será a luta contra as guerras de dominação promovidas pelas potências imperialistas do Norte global — guerras essas que assumem formas variadas: invasões, bombardeios, sanções, bloqueios econômicos, guerras por procuração, manipulações jurídicas e campanhas de desestabilização política.

      Simón Bolívar, além de militar e estadista, foi um pensador estratégico da paz com justiça. A realização do Congresso Anfictiônico, em 1826, por sua proposição e sob sua liderança, prefigurava uma arquitetura latino-americana de soberania, segurança coletiva e convivência solidária. Ao declarar que “a união nos salvará”, ele propôs um projeto histórico de libertação que rejeitava qualquer submissão ao poder imperial — seja da metrópole colonial europeia de sua época, seja dos Estados Unidos, que já davam sinais de sua vocação expansionista.

      Hoje, a paz verdadeira só pode ser concebida nos marcos da tradição bolivariana de resistência. E ela está sob ataque direto. O imperialismo norte-americano, sob o comando do presidente Donald Trump, intensifica sua agressividade em escala planetária. Promove sanções ilegais contra dezenas de países. No campo militar, estimula a guerra por procuração na Ucrânia contra a Federação Russa, sustenta o genocídio sionista na Palestina e mantém ameaças constantes à soberania da China, do Irã, da Coreia Popular, da Venezuela, Nicarágua e Cuba. Os Estados Unidos e seus aliados da Otan tentam transformar o mundo em campo de batalha permanente, para garantir a sobrevivência de sua hegemonia em ruínas.

      Agora, esse mesmo imperialismo se volta também contra o Brasil, com sanções e ameaças, imiscuindo-se nos assuntos internos do País e semeando instabilidade política. 

      Mas os tempos são de resistência, acumulação de forças, luta, não de renúncia ou capitulação. Diante da escalada belicista, os povos e as forças de vanguarda não se intimidam, por isso surgem iniciativas promissoras. O fortalecimento do BRICS+, a ampliação da voz do Sul Global, as novas perspectivas da CELAC, os avanços da Organização para a Cooperação de Xangai (OCX), as propostas da China para uma Iniciativa Global de Paz e Desenvolvimento, Iniciativa de Segurança Global e Iniciativa de Civilização Global desenham uma nova correlação internacional de forças. Soma-se a isso o aprofundamento da Revolução Bolivariana na Venezuela, cujo Governo, liderado por Nicolás Maduro, combate com êxito a extrema direita e dá uma inestimável contribuição à luta por uma democracia genuína e avançada no mundo. 

      O genocídio contra o povo palestino, o bloqueio imposto a Cuba, as sanções contra a Venezuela, as provocações e os ataques constantes à China, o bombardeio dos EUA e Israel contra o Irã não podem ser analisados de forma isolada. São expressões de uma mesma lógica imperialista: controlar territórios, recursos e consciências a serviço do capitalismo monopolista-financeiro e de políticas neoliberais e neocolonialistas. 

      Por isso, os eventos de Caracas assumem valor estratégico. Eles recolocam a luta pela paz como uma tarefa militante, coletiva e prioritária. Reunindo intelectuais, artistas, ativistas e representantes de movimentos populares de diversos países, essas jornadas representam um espaço de articulação global para os que se recusam a aceitar o mundo como está — dividido entre poucos senhores da guerra e bilhões de vítimas da miséria, da opressão e da violência imperial.

      É preciso dizer com todas as letras: a paz verdadeira não virá da Casa Branca, nem do Departamento de Estado, nem dos generais da Otan. Ela será obra dos povos. É no terreno fértil da resistência e luta que despertam e florescem a esperança e a convicção de alcançar um mundo sem guerras, sem dominação imperialista e injustiças. 

      Neste momento em que a humanidade atravessa perigos imensos, é urgente resgatar a herança de Bolívar como farol de luta e horizonte de futuro. Que sua voz ecoe nos debates em Caracas e em cada trincheira de combate pela paz mundial. 

      A verdadeira segurança internacional começa com o fim das guerras de pilhagem e com o respeito à autodeterminação dos povos. É essa bandeira que tremula em Caracas neste mês de julho — e que deve tremular em cada canto onde a dignidade se ergue contra o império.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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