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Venezuela propõe cúpula internacional para conter ofensiva de Israel e EUA contra o Irã

Maduro alerta para risco de guerra nuclear e pede desarmamento de Israel e cessar-fogo imediato no Oriente Médio

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em Caracas (Foto: REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria)
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247 - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, enviou uma carta a líderes internacionais na última segunda-feira (17) conclamando uma cúpula mundial urgente com o objetivo de frear a escalada militar no Oriente Médio, diante dos bombardeios intensificados entre Israel e Irã. O documento, lido publicamente pela vice-presidente Delcy Rodríguez, propõe a construção de uma resposta diplomática coordenada para evitar o que classificou como “catástrofe nuclear”.

Na mensagem, Maduro alerta que a Ásia Ocidental vive “uma fase de máxima tensão e violência”, agravada pela ofensiva israelense contra o Irã e pelos bombardeios dos Estados Unidos em território iraniano. Para o presidente venezuelano, esse cenário pode desencadear “uma crise com consequências nucleares catastróficas para a região e o mundo”.

“É uma violação clara ao direito internacional, à Carta das Nações Unidas e aos tratados que regulam o uso pacífico da energia nuclear, bem como aos instrumentos que reprimem e punem o terrorismo nuclear”, declarou Rodríguez ao ler a carta, evidenciando a gravidade da situação conforme a visão de Caracas.

Impunidade de Israel e proposta de desarmamento

No documento, Maduro critica duramente o Estado de Israel, afirmando que sua recusa em reconhecer e desmantelar seu suposto arsenal nuclear, não declarado oficialmente, mina os pilares da segurança coletiva internacional. Ele também denuncia a negativa israelense em aderir ao Tratado de Não Proliferação Nuclear e se submeter às inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

A resposta proposta por Caracas inclui a exigência de “um mecanismo imediato de desarmamento nuclear para Israel” por parte do Conselho de Segurança da ONU, além da criação de uma zona livre de armas nucleares na região.

“A impunidade sustentada representa um sério risco à segurança coletiva e mina os princípios do sistema multilateral”, diz o documento, que classifica a ameaça nuclear como um dos maiores perigos à estabilidade internacional neste momento.

Aliança entre BRICS, Liga Árabe e Sul Global

Para liderar os esforços pela paz, Maduro propôs que a cúpula internacional seja organizada coletivamente pela Liga Árabe, a Organização de Cooperação Islâmica, a Organização para Cooperação do Golfo e os BRICS — bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O presidente também sugere o engajamento de potências diplomáticas como China e Rússia, além da participação ativa de blocos do Sul Global, como o Movimento dos Países Não Alinhados, a União Africana e a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).

“O apelo pela cessação das hostilidades deve constituir o primeiro passo em direção a uma solução política abrangente, construída sobre o diálogo, a legalidade e o respeito soberano entre os Estados”, diz o texto.

Maduro ainda enfatiza que uma paz duradoura na região só será possível com “uma solução justa para o conflito palestino, conforme as resoluções da ONU, que reconhecem o direito do povo palestino a um Estado soberano com Jerusalém Oriental como capital e ao retorno de seus refugiados”.

Condenações à ofensiva de Israel e dos EUA

A proposta da Venezuela surge após o ataque israelense ao Irã na madrugada de 13 de junho, que deu início a uma sequência de trocas de bombardeios entre os dois países. Em resposta à ofensiva, os Estados Unidos também atacaram instalações nucleares iranianas nas cidades de Natanz, Isfahan e Fordo, no último sábado à noite.

Esses atos desencadearam forte reação internacional. Rússia e China condenaram a ofensiva israelense, classificando-a como “grave violação do direito internacional”. Em reunião com o chanceler iraniano Abbas Araghchi, o presidente russo Vladimir Putin afirmou que os ataques “foram uma agressão não provocada que não tem justificativa” e reafirmou o compromisso de Moscou com o povo iraniano.

Líderes latino-americanos também reagiram: Brasil, Cuba, Nicarágua e a própria Venezuela repudiaram a ação israelense, assim como países do mundo islâmico, incluindo Turquia, Arábia Saudita, Egito e Paquistão.

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