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Reunião do Conselho Mundial da Paz em Salvador denuncia imperialismo dos EUA e bloqueio a Cuba

Declaração final denuncia bloqueios, militarismo dos EUA, ataques à Palestina e pede ações unificadas em defesa da América Latina como Zona de Paz

Fala do jornalista José Reinaldo Carvalho em Reunião Regional das Américas do Conselho Mundial da Paz (CMP), em Salvador - 17/06/2025 (Foto: Reprodução/Instagram)
Redação Brasil 247 avatar
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247 - Após dois dias reunidas em Salvador (BA), organizações de paz do continente americano aprovaram, por unanimidade, Comunicado Final da Reunião Regional do Conselho Mundial da Paz (CMP). O encontro, realizado nos dias 16 e 17 de junho de 2025, reuniu delegações de diversos países das Américas e do Caribe, com participação de representantes políticos, sociais e de autoridades baianas. A informação é do comunicado oficial divulgado pelas entidades presentes.

A sessão foi conduzida por Victor F. Gaute López, do Instituto Cubano de Amizade com os Povos, na condição de coordenador regional para as Américas e o Caribe; pelo secretário executivo do CMP, Iraklis Tsavdaridis; pela dirigente nacional do Cebrapaz, Socorro Gomes; e pelo jornalista e editor internacional do Brasil 247, José Reinaldo Carvalho, presidente do Cebrapaz.

Em sua fala, Carvalho destacou a política de isolamento imposta pelos Estados Unidos à ilha caribenha. “Este é o caminho que está sendo trilhado por esta usina de mentiras, de desinformação. Aqui no Brasil, companheiras e companheiros, nós vivemos diante do seguinte: discriminação contra Cuba. Procuram silenciar Cuba na mídia. Quando dão notícias, são distorcidas”, afirmou. E completou: “Tentativas de isolamento completo do país, tentativas de naturalizar o bloqueio, como se o bloqueio fosse medida administrativa, rotineira, episódica de governo. Quando nós sabemos que o bloqueio é uma estratégia definida pelo imperialismo norte-americano”.

Defesa da paz e enfrentamento ao imperialismo

Com o lema de promover ações estratégicas diante do atual cenário geopolítico da região, o encontro aprovou uma série de resoluções. O foco central foi a defesa da Proclamação da América Latina e do Caribe como Zona de Paz, iniciativa que, segundo os presentes, deve ser fortalecida em meio ao aumento das desigualdades, repressão política, avanço da extrema-direita e o expansionismo militar da OTAN com o respaldo do governo dos Estados Unidos.

O comunicado final condena de forma veemente o papel exercido pelo presidente Donald Trump, que, segundo o texto, “reafirmou a doutrina imperial Monroe com suas pretensões coloniais sobre territórios soberanos como Groenlândia, Panamá ou a renomeação do Golfo do México”. Também foram denunciadas sua política migratória, classificada como “xenófoba e fascista”, e o tratamento desumano aos migrantes, especialmente venezuelanos.

Além disso, a reunião aprovou ações para 21 de setembro, Dia Internacional da Paz, e apoio à jornada convocada pelo Movimento Caribenho pela Paz para o 6 de outubro, data em que se recorda o atentado ao voo da Cubana de Aviación, considerado marco do terrorismo de Estado contra a região.

Palestina, Venezuela e Cuba como eixos de solidariedade

As organizações presentes manifestaram ampla solidariedade ao povo palestino diante do que definem como “política criminosa, genocida e de limpeza étnica do regime sionista e do imperialismo”. As entidades exigiram medidas concretas para mobilizar a opinião pública mundial e responsabilizar os autores dos crimes cometidos.

A situação na Venezuela também ocupou lugar central no comunicado. O texto denuncia o bloqueio, as sanções, a campanha de desinformação e as ações de guerra híbrida conduzidas pelos EUA com o objetivo de enfraquecer a Revolução Bolivariana e saquear os recursos naturais do país. O sequestro de migrantes venezuelanos em prisões de El Salvador também foi mencionado.

O bloqueio imposto a Cuba foi duramente criticado, com exigência de sua revogação imediata, além da devolução do território ocupado em Guantánamo e do fechamento do centro de detenção ali instalado, tido como símbolo de violações sistemáticas dos direitos humanos.

Conflitos globais e novas ameaças

No cenário internacional, o comunicado condena a guerra promovida pela OTAN contra a Rússia em território ucraniano e a militarização do Leste Europeu. Também rejeita as agressões conjuntas dos EUA e Israel contra países como Irã, Síria, Líbano, Iêmen e, novamente, Palestina, apontando a violação da Carta das Nações Unidas e a ameaça à estabilidade mundial.

As delegações alertaram para os perigos da militarização do Ártico e do espaço exterior, exigindo que o uso dessas áreas seja orientado exclusivamente à cooperação pacífica.

Apoios regionais e reparação histórica

Foram ainda aprovadas manifestações de solidariedade ao povo haitiano, contrário a qualquer tipo de nova intervenção militar estrangeira, e apoio à implementação dos Acordos de Paz na Colômbia. Os participantes também defenderam os povos indígenas das Américas e as comunidades afrodescendentes, reivindicando reparações pelos crimes do colonialismo e da escravidão.

Organizações dos EUA e do Canadá foram chamadas a se unirem ao movimento em defesa da paz, inclusive para denunciar as violações de direitos cometidas em seus próprios territórios por grandes corporações e megaprojetos extrativistas, particularmente em terras indígenas.

Propostas de mobilização e ação política

O documento final aprovado por unanimidade propõe a intensificação da batalha comunicacional contra a desinformação promovida pelos grandes meios de comunicação corporativos, com uso ampliado das redes sociais. Defende também o fortalecimento do próprio CMP, com a incorporação de novas entidades aliadas, além da promoção do engajamento de jovens em ações pela paz.

Por fim, reiterou-se o apoio ao povo mexicano em suas lutas anti-imperialistas e à atuação das brigadas médicas cubanas, alvo de campanhas de difamação por parte dos Estados Unidos. A reunião foi encerrada com o compromisso de seguir construindo a Campanha Internacional pela América Latina e o Caribe como Zona de Paz, mobilizando movimentos populares, sindicatos, estudantes e camponeses em torno desse projeto de soberania e integração regional.

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