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Venezuela reage à escalada militar dos EUA no Caribe e determina "mobilização massiva" das Forças Armadas

Governo de Nicolás Maduro denuncia “ameaças imperiais” e reforça mobilização militar em todo o país

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, aplaude durante a cerimônia de encerramento do segundo Curso de Operações Especiais Revolucionárias (COER), realizado no Grupo de Comando de Ação da Guarda Nacional Bolivariana na paróquia de Macarao, em Caracas, Venezuela (Foto: Miraflores Palace/Handout via Reuters)

247 - As Forças Armadas da Venezuela anunciaram nesta terça-feira (11) uma mobilização “massiva” em todos os estados do país, em reação às “ameaças imperiais” dos Estados Unidos. A medida surge após a chegada do USS Gerald Ford, o maior porta-aviões do mundo, à região do Caribe, dentro da operação militar estadunidense supostamente voltada ao combate ao narcotráfico.

De acordo com a agência AFP, o Ministério da Defesa venezuelano divulgou um comunicado informando que a ação envolve “meios terrestres, aéreos, navais, fluviais e de mísseis”, além de unidades da milícia bolivariana e forças de defesa cidadã.

Maduro convoca milícia e reforça discurso de defesa nacional

O presidente Nicolás Maduro afirmou que o país está preparado para responder a qualquer tentativa de agressão. “Se o imperialismo chegasse a dar um golpe de mão e causar danos, desde o momento em que fosse decretada a ordem de operações, [teríamos] mobilização e combate de todo o povo da Venezuela”, declarou o líder venezuelano.

A emissora estatal VTV exibiu imagens de tropas e veículos blindados sendo posicionados em diversas regiões, além de discursos de oficiais exaltando a soberania nacional. O governo insiste que as ações dos EUA têm como objetivo desestabilizar o país e derrubar o presidente.

Washington mantém ofensiva e amplia escalada militar

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, minimizou a possibilidade de guerra, mas reiterou que acredita que “os dias de Maduro no poder estão contados”. Washington acusa o líder venezuelano de liderar um cartel de narcotráfico - o que é negado por Maduro - e confirmou que a CIA conduz operações secretas na região.

O USS Gerald Ford, descrito pela Marinha americana como “a plataforma de combate mais letal do mundo”, possui 337 metros de comprimento, dois reatores nucleares e pode atingir velocidade de até 55 km/h. Além do porta-aviões, os EUA deslocaram oito navios de guerra, um submarino nuclear e aeronaves F-35 para a região. 

O envio do navio ao Caribe intensificou as tensões diplomáticas e militares com Caracas. Nos últimos meses, os ataques estadunidenses contra embarcações no Caribe no Pacífico já deixaram mais de 75 mortos. 

Repercussão internacional e críticas à ação americana

A Rússia, aliada do governo de Maduro, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra embarcações supostamente envolvidas no tráfico. “É assim que agem os países sem lei, que se consideram acima da lei”, afirmou o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, chamando de “pretexto” o argumento americano de combate às drogas.

De acordo com a CNN, o Reino Unido se recusou a compartilhar informações de inteligência com os Estados Unidos sobre embarcações suspeitas, para não se tornar cúmplice dos bombardeios considerados ilegais. A decisão marca uma ruptura entre aliados históricos.

Caribe se torna novo palco de disputa geopolítica

Desde agosto, os EUA têm deslocado meios militares para a região, sob a justificativa de combater o narcotráfico. Segundo dados do Comando Sul, as operações já resultaram na destruição de 20 embarcações e 76 mortes. O Pentágono afirma que o USS Gerald Ford reforçará a capacidade de “detectar, vigiar e neutralizar atividades ilícitas” que ameacem a segurança hemisférica.

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