Venezuela reafirma diplomacia de paz frente a novas tentativas de colonização
Nicolás Maduro denunciou o ressurgimento do neocolonialismo em conferência internacional em Caracas
247 – O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reafirmou nesta sexta-feira (3), o compromisso de seu país com uma diplomacia de paz e resistência diante das novas formas de colonialismo e neocolonialismo promovidas pelas potências ocidentais. As declarações foram feitas durante a Conferência Internacional “Colonialismo, Neocolonialismo e os despojos territoriais do imperialismo ocidental”, realizada em Caracas, capital venezuelana, que reuniu mais de 130 delegados de 57 países da América Latina, Caribe e África. A informação foi publicada pela teleSUR.
Durante seu discurso na Casa Amarela “Antonio José de Sucre”, sede da chancelaria venezuelana, Maduro destacou que a Revolução Bolivariana seguirá firme no combate a qualquer tentativa de dominação. “Impulsionamos uma diplomacia para a paz, mas também para enfrentar os novos intentos imperiais de colonizar nossa América”, afirmou.
Defesa da soberania e legado bolivariano
Maduro ressaltou que a luta pela autodeterminação é essencial para a sobrevivência dos povos latino-americanos e caribenhos. “Temos que lutar como tenhamos que lutar, no cenário que nos toque, por preservar a dignidade e o direito à vida, à paz e à existência de nossos povos”, disse o mandatário.
O presidente também fez questão de lembrar o peso histórico do espaço onde ocorria a conferência. Segundo ele, no mesmo edifício funcionou a antiga capitania geral da Espanha, “onde o colonialismo espanhol construiu sua primeira quadra e estabeleceu seus primeiros cimentos de dominação, após cometer um genocídio contra os povos originários”.
Em sua fala, Maduro homenageou o legado do comandante Hugo Chávez, a quem chamou de “o gigante do século XXI”, recordando que foi Chávez quem consolidou a diplomacia bolivariana e, em 2004, declarou o caráter anti-imperialista da Revolução.
Unidade contra o neocolonialismo
A conferência teve início na quinta-feira (2) e foi encerrada nesta sexta-feira (3). Seu objetivo principal foi reafirmar as raízes do Caribe como eixo histórico de resistência e promover a união de forças progressistas para a construção de um mundo multipolar.
Na abertura do evento, o chanceler venezuelano, Iván Gil, enfatizou a necessidade de transformar o sistema internacional e garantir a justiça histórica. “Persistem as sequelas do colonialismo e o neocolonialismo busca resurgir com força”, declarou.
A programação incluiu debates sobre problemas territoriais derivados do colonialismo, as reparações históricas e o papel das Nações Unidas na atual ordem mundial, com questionamentos sobre se a própria estrutura da ONU não estaria funcionando como uma “nova colonização”. Essa discussão foi moderada pelo vice-ministro para Temas Multilaterais da Venezuela, Rubén Darío Molina.
Contexto geopolítico
O encontro em Caracas ocorre em um momento de crescente tensão global, marcado pela disputa entre potências ocidentais e o fortalecimento de uma ordem internacional multipolar. Para os organizadores, a reafirmação da diplomacia de paz da Venezuela é parte de um movimento maior de resistência contra as práticas imperialistas que ainda afetam países da América Latina, Caribe e África.
Com discursos voltados para a denúncia das injustiças históricas e a defesa da soberania dos povos, a conferência buscou consolidar uma frente unificada contra as novas formas de dominação, reafirmando o papel central da Venezuela no debate internacional sobre descolonização e autodeterminação.