Após novas ameaças de Trump, Maduro ativa milícia popular-militar-policial
Presidente anuncia novas zonas de defesa na fronteira com a Colômbia e acusa Washington de agressão no Caribe
247 - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta quarta-feira (15) um novo reforço militar em áreas estratégicas do país, incluindo a ativação da Zona de Defesa Integral (ZODI) nos estados de Táchira, Apure e Amazonas, que fazem fronteira com a Colômbia. A medida foi apresentada como parte de um esquema de fortalecimento da segurança nacional. As informações foram publicadas pela emissora Venezolana de Televisión.
Além disso, Maduro anunciou, em suas redes, mobilizações populares na capital, Caracas: "Ativadas integralmente as ZODI de Caracas e Miranda, em perfeita fusão popular-militar-policial, desde Catia até Barlovento, de Petare até La Pastora, de Caricuao até os Vales do Tuy, passando pelos Altos Mirandinos. Vamos continuar conquistando a Paz!".
Durante pronunciamento telefônico, Maduro declarou que a Venezuela pertence exclusivamente ao seu povo e que o governo continuará a ampliar a preparação para a defesa. “Cada Zona de Defesa Integral que se ativa, dá o exemplo, se supera, assim que nos superamos dia por dia na preparação para a defesa, preparando a resistência popular ativa, criativa e prolongada. Venezuela pertence aos venezuelanos e às venezuelanas. Seguiremos ganhando a paz, exercendo nossa soberania plena e defendendo o direito à vida, à alegria de um povo que constrói sua máxima felicidade possível”, afirmou.
O presidente classificou como um “êxito absoluto” os recentes exercícios militares realizados no Oriente e no Centro do país, destacando que esses treinamentos representam um exercício de soberania com a mobilização de forças militares, policiais e civis. “Venezuela hoje se transforma em um exemplo. A esta hora em que estou falando, somos um exemplo de dignidade, de valentia, de povo pacífico, decente e trabalhador”, acrescentou.
Conflito com os Estados Unidos
O anúncio ocorre em meio ao aumento das tensões com Washington. Segundo Caracas, os Estados Unidos realizam operações militares e bombardeios em águas próximas ao território venezuelano, sob a justificativa de combater cartéis de narcotráfico, mas sem apresentar provas. Em agosto, o governo norte-americano chegou a mobilizar um amplo contingente militar no Caribe.
Maduro voltou a acusar os EUA de manter uma estratégia de “guerra multiforme” contra a Venezuela com o objetivo de desestabilizar o governo e impor um regime aliado a seus interesses econômicos. “O Estado venezuelano está sendo objeto de uma agressão armada para impor um governo fantoche e roubar o petróleo, o gás, o ouro e todos os nossos recursos naturais”, denunciou.
Apesar da pressão externa, Maduro enfatizou que a preparação interna seguirá sendo prioridade. “Há que se incrementar todas as tarefas de preparação integral para a defesa. Cada vez maior a máxima preparação, com confiança absoluta no destino da nossa pátria”, disse.
Trump anuncia ataque iminente
Mais cedo nesta quarta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou que autorizou a agência de espionagem do país, a CIA, a realizar operações na Venezuela, voltadas a tentar derrubar o governo Maduro.
De acordo com Trump, a autorização foi dada por “duas razões”. Em primeiro lugar, porque ele considera que Caracas teria “esvaziado suas prisões em direção aos EUA”. Ele jamais apresentou provas e ainda acusou a nação sul-americana de enviar aos EUA “muitas drogas”.
“Estamos olhando para a terra agora, o mar já está sob controle", disse Trump a jornalistas, na Casa Branca, ao ser questionado sobre conduzir ataques ao território venezuelano.
Questionado se a CIA teria "autoridade para retirar” o líder chavista do poder, o presidente dos Estados Unidos limitou-se a responder: “Não quero responder a essa pergunta, é uma pergunta ridícula. Seria ridículo que eu respondesse a essa pergunta. Mas acredito que a Venezuela está sentindo a pressão, e penso que muitos países também estão sentindo a pressão”.
Mais cedo, o jornal New York Times informou que Trump autorizou operações "letais" contra o alto escalão do governo bolivariano de Maduro, em meio ao aumento da pressão militar dos EUA no Mar do Caribe e da retórica golpista, apoiada por setores da oposição venezuelana.