Petro elogia cessar-fogo em Gaza e oferece tropas para "exército da humanidade"
O presidente colombiano, contudo, fez alertas antes da próxima etapa das negociações
247 - O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, publicou nesta segunda-feira (13) uma mensagem para destacar a importância do plano de paz para a Faixa de Gaza. O líder colombiano pediu “que a próxima fase das negociações aborde questões importantes como o fim da ocupação, o genocídio, os assentamentos, o retorno dos refugiados e a situação em Jerusalém Oriental”.
“A Colômbia reitera sua disposição de colaborar para que o proposto exército da humanidade possa atuar como um exército para a reconstrução do território palestino”, afirmou Petro.
Em sua postagem, o presidente também condenou “a deportação forçada de 154 palestinos libertados por Israel” e disse que o governo colombiano “apela urgentemente ao pleno respeito e à restauração dos direitos humanos e das garantias fundamentais para todas as pessoas afetadas pelo conflito”.
De acordo com a mensagem de Petro, é necessário incentivar “as partes a perseverarem no caminho do diálogo e da negociação, com o objetivo de alcançar uma paz justa e duradoura, baseada no respeito à vida, ao direito internacional e à dignidade humana”.
“O Governo da República da Colômbia expressa seu reconhecimento e gratidão aos mediadores internacionais — Catar, Turquia, Egito e Estados Unidos — cujos valiosos esforços levaram a um cessar-fogo na Faixa de Gaza, facilitando tanto a troca de prisioneiros quanto a entrada de ajuda humanitária à população civil palestina afetada pelo genocídio”.
O acordo e as negociações
O grupo islâmico Hamas, que governa Gaza, libertou 20 israelenses. Em troca, o governo israelense começou a libertar cerca de 2 mil prisioneiros palestinos, incluindo 250 que haviam sido condenados à prisão perpétua por crimes cometidos contra Israel e sua população.
As negociações para o cessar-fogo em Gaza contaram com a participação de vários líderes internacionais, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
Também estiveram presentes o presidente do Egito, Abdul Fatah Al Sisi, a premiê da Itália, Giorgia Meloni, o premiê do Reino Unido, Keir Starmer, e o presidente da França, Emmanuel Macron.
Cidadão colombiano
Ainda na postagem, Gustavo Petro comentou a situação de um cidadão do seu país. “O Governo da Colômbia tem o prazer de anunciar o retorno em segurança do cidadão colombiano-israelense Elkana Bohbot, sequestrado em 7 de outubro de 2023, e expressa seu alívio pela sua libertação e reencontro com sua família”, continuou.
Segundo o presidente, a sua administração “prestou apoio à família Bohbot por meio de seus canais diplomáticos”. ”Também saúda a libertação de todos os reféns israelenses e a recuperação dos corpos dos falecidos”, escreveu Petro.
“A Colômbia também destaca a libertação de mais de 1.700 palestinos detidos desde 7 de outubro, 22 menores e mais de 250 palestinos privados de liberdade, bem como a devolução de centenas de corpos retidos por Israel”.
Estatísticas assustadoras e a impunidade
De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, mais de 67 mil palestinos morreram devido aos ataques israelenses desde outubro de 2023. Em meio ao conflito, a ONU informou que cerca de 90% da população da região, estimada em 2,1 milhões de pessoas, foi forçada a deixar suas casas em razão dos confrontos.
Em 22 de agosto de 2023, a ONU alertou sobre uma grave crise alimentar em Gaza, com mais de meio milhão de pessoas enfrentando fome, segundo a Classificação Integrada de Segurança Alimentar. Esse cenário histórico marcou a primeira declaração de fome no Oriente Médio, evidenciando a gravidade da crise humanitária na região.
Em dezembro de 2023, Israel foi alvo de uma ação na Corte Internacional de Justiça (CIJ), movida pela África do Sul, que solicitou medidas emergenciais contra autoridades israelenses, acusando-as de praticar atos genocidas na Faixa de Gaza.
A África do Sul alegou que os ataques militares israelenses e a falta de ação para mitigar a crise em Gaza violam os compromissos da Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio. Israel, por sua vez, defendeu que suas ações são parte de seu direito de autodefesa contra ataques terroristas e refutou as acusações. O governo brasileiro expressou apoio formal à ação iniciada pela África do Sul.
Em janeiro de 2024, a CIJ determinou que Israel adotasse medidas para evitar o genocídio em Gaza, punisse aqueles que incitam a destruição do povo palestino e garantisse o envio de ajuda humanitária à região. No entanto, o tribunal rejeitou o pedido da África do Sul para que Israel suspendesse suas operações militares. A ação obteve apoio de vários países, incluindo o Brasil.
Em novembro de 2024, a CIJ emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant e líderes do Hamas, acusando-os de crimes de guerra. Tanto Israel quanto o Hamas negaram as acusações formuladas pela Corte.

