HOME > América Latina

Petro acusa Trump de “chantagem colonial” após cancelamento de certificado na luta antidrogas

Presidente colombiano reage à decisão dos EUA e destaca recorde histórico de apreensões de cocaína em 2024

Presidente da Colômbia, Gustavo Petro 25/06/2025 (Foto: REUTERS/Luisa Gonzalez)

247 - O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, criticou duramente a decisão dos Estados Unidos de cancelar o certificado da política antidrogas do país, informa a Telesur.  Segundo Petro, a medida representa uma “injustiça” e um “profundo insulto ao país”.

Em seu discurso, o líder colombiano defendeu os resultados de sua gestão no combate ao narcotráfico. Ele lembrou que, em 2024, a Colômbia alcançou a marca histórica de 889 toneladas de cocaína apreendidas, superando em larga escala os números de administrações anteriores.

Defesa da soberania colombiana

Petro afirmou que a luta antidrogas de seu governo está centrada no desmantelamento de redes criminosas, em vez da criminalização de agricultores. “A Colômbia derramou seu sangue contra o narcotráfico, e agora Donald Trump está nos descredenciando. Esta não é uma luta contra as drogas; é uma chantagem colonial. Soberania não é negociável”, disse o presidente.

Segundo ele, a política atual busca substituir a erradicação forçada por iniciativas voluntárias, de forma a evitar impactos negativos sobre comunidades rurais em situação de pobreza. “Minha ordem não foi queimar a casa dos camponeses, Trump. O camponês colombiano vive na pobreza. Assim não se resolve o problema das drogas”, declarou.

Comparações com governos anteriores

Durante o pronunciamento, Petro comparou os números de seu governo com os das gestões anteriores. Ele lembrou que, sob Álvaro Uribe, aliado de Trump, as apreensões anuais foram muito inferiores. “Tenho quatro vezes mais do que seu amigo Uribe, Sr. Trump”, afirmou.

Além de citar dados, o presidente reforçou sua trajetória de enfrentamento ao narcotráfico, recordando os anos em que atuou no Senado, entre 1998 e 2007. “A esses mafiosos, amigos da política, logrei que fossem para a cadeia a partir de meus debates e de arriscar minha vida”, declarou.

Críticas à influência externa

Petro também criticou a presença da Marinha dos Estados Unidos no Caribe e alertou Trump a não usar ameaças contra outros países. “Dei a ordem de apreender tudo o que se atravessar sem ameaçar nenhum país do mundo, nem sequer o seu”, ressaltou.

O presidente acusou ainda setores políticos radicados em Miami de manter vínculos históricos com o narcotráfico colombiano, prometendo apresentar investigações que comprovariam essas conexões. “Tenga mucho cuidado, señor Trump, porque tenho as investigações que o demonstram”, advertiu.

Dados contra ideologia

Em mais de um momento, Petro insistiu que o debate sobre drogas deve se pautar em fatos concretos e não em visões ideológicas. “Cifras, senhor Trump, não ideología”, frisou. Ele defendeu que os países latino-americanos têm mais experiência na luta contra o narcotráfico que os Estados Unidos e classificou a decisão de descertificar a Colômbia como uma “grosseria profunda” contra o país.

O discurso do presidente colombiano reforça seu posicionamento de que a paz e as soluções não violentas são mais eficazes que a guerra na redução do narcotráfico, ao mesmo tempo em que projeta uma disputa política direta com Trump no cenário internacional.

Artigos Relacionados

Carregando anúncios...