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Peso argentino volta a despencar e governo Milei intervém no mercado

Moeda cai mais de 6% em um único dia e levanta dúvidas sobre apoio financeiro dos EUA

Peso argentino volta a despencar e governo Milei intervém no mercado (Foto: Rodrigo Garrido/Illustration/Reuters)

247 - O peso argentino sofreu nova desvalorização nesta terça-feira (30), recuando mais de 6% em seu pior tombo intradiário desde 8 de setembro. A queda levou o governo de Javier Milei a vender dólares no mercado à vista numa tentativa de conter a pressão. A informação foi publicada pela Bloomberg.

Segundo a agência, mesmo após a breve recuperação da semana passada, impulsionada pelo anúncio de um pacote de US$ 20 bilhões negociado pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, a moeda voltou a perder força. O temor de investidores quanto à distância entre o câmbio oficial e o paralelo, somado à falta de detalhes sobre o resgate financeiro norte-americano, está pressionando os ativos argentinos.

Queda e intervenção

A moeda encerrou o dia com recuo de 1,4%, cotada a 1.380 pesos por dólar. Não há informações oficiais sobre o montante de dólares vendidos pelo governo. O Banco Central se recusou a comentar e o Ministério da Economia não respondeu aos pedidos da imprensa.

De acordo com o economista Santiago Resico, da corretora one618, a venda em meio a forte oferta de divisas gerou ruído no mercado. “Se o governo tem de vender em um dia como hoje, quando há grande oferta, é natural que o mercado interprete negativamente”, afirmou.

Desafios políticos e pressões externas

A administração Milei utilizou a trégua cambial da semana anterior para recompor reservas, mas não conseguiu frear a demanda crescente por dólares. Essa pressão é alimentada por dúvidas sobre o futuro da política cambial e pela perda de apoio político, após derrota significativa nas eleições locais em Buenos Aires.

Além disso, o encontro marcado entre Milei e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no dia 14 de outubro na Casa Branca, é visto como crucial para dar credibilidade ao pacote de resgate. Até lá, os investidores seguem receosos diante da escassez de informações concretas.

Reação nos mercados

Os títulos da dívida argentina com vencimento em 2035 recuaram 1,8 centavo, cotados a 53 centavos de dólar, acumulando quatro pregões consecutivos de queda — a pior sequência em dois meses. Já o diferencial entre o câmbio oficial e o paralelo atingiu o nível mais alto desde abril, refletindo o impacto das restrições impostas pelo governo à compra de dólares.

Para o estrategista de câmbio Alejandro Cuadrado, do BBVA em Nova York, a recuperação observada com o apoio dos EUA não se sustenta no longo prazo. “O apoio não resolve os desequilíbrios nem a tendência da moeda. A tendência de médio prazo seguirá de alta e haverá grande foco no pós-eleição, já que este regime é visto como temporário”, destacou.

Sinais do governo

Em entrevista televisiva, Milei afirmou que manterá a linha de swap com a China enquanto negocia com Washington, garantindo que o país tem financiamento até o fim de 2026. O presidente também indicou que pode promover mudanças em seu gabinete após as eleições legislativas de 26 de outubro.

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