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Peru rompe relações diplomáticas com México por asilo a ex-primeira-ministra

Governo peruano acusa o México de ingerência por conceder refúgio a Betssy Chávez

Betssy Chavez (Foto: REUTERS/Angela Ponce)

247 - O governo do Peru anunciou nesta segunda-feira (3) o rompimento das relações diplomáticas com o México, em resposta à decisão mexicana de conceder asilo político à ex-primeira-ministra peruana Betssy Chávez. Ela é acusada de participar de uma suposta tentativa de golpe de Estado liderada pelo ex-presidente Pedro Castillo, em dezembro de 2022.

Segundo o chanceler peruano Hugo de Zela, o governo recebeu “com surpresa e profundo pesar” a notícia de que Chávez havia sido asilada na residência da embaixada mexicana em Lima. “Hoje soubemos com surpresa e profundo pesar que a ex-premiê Betssy Chávez, suposta coautora do golpe de Estado que o ex-presidente Pedro Castillo tentou consumar, está sendo asilada na residência da embaixada do México no Peru”, declarou o ministro em entrevista coletiva.

De Zela afirmou ainda que a medida representa um “ato inamistoso” e destacou as “reiteradas ocasiões em que a atual e o anterior presidente daquele país intervieram nos assuntos internos do Peru”. Diante disso, o governo de Lima decidiu “romper as relações diplomáticas com o México”. O anúncio foi seguido da determinação de expulsar a encarregada da embaixada mexicana no Peru, Karla Ornela, conforme comunicado feito pelo presidente José Jerí na rede X.

México reage e defende legalidade do asilo

Em nota oficial, o governo mexicano classificou a decisão peruana como “excessiva e desproporcional”, afirmando que o asilo concedido a Chávez é um “ato legítimo e em conformidade com o direito internacional”, sem interferir nos assuntos internos do Peru. A chancelaria mexicana acrescentou que a ex-primeira-ministra “teve seus direitos humanos reiteradamente violados como parte de uma perseguição política do Estado peruano desde sua captura em 2023”.

O comunicado reforça que a concessão do asilo segue a Convenção de Caracas, segundo a qual cabe exclusivamente ao Estado concedente avaliar a natureza da perseguição alegada.

Relações desgastadas desde a queda de Castillo

A crise entre os dois países não é recente. Desde a destituição de Pedro Castillo em dezembro de 2022, as relações entre Lima e Cidade do México se deterioraram. À época, o então presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador concedeu asilo à esposa e aos filhos de Castillo e se recusou a reconhecer as autoridades peruanas subsequentes. Como resultado, ambos os países retiraram seus embaixadores, mantendo apenas o comércio bilateral.

O México tem tradição de acolher figuras políticas que alegam perseguição. Nos últimos anos, abrigou nomes como o ex-presidente boliviano Evo Morales e o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, reforçando seu papel como destino de exilados latino-americanos.

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