Peru decreta estado de emergência diante de protestos – ou nova guerra híbrida
Estado de emergência no Peru expõe ofensiva do imperialismo e tentativa de conter influência chinesa na América do Sul
247 – O governo do Peru decretou estado de emergência em Lima e na cidade portuária vizinha de Callao, afetando cerca de 10 milhões de pessoas, após uma onda de protestos liderados por jovens da chamada Geração Z.
A decisão, que suspende direitos constitucionais e autoriza a presença das Forças Armadas nas ruas, foi tomada em meio a uma crise política crescente e levanta suspeitas de instrumentalização externa das manifestações. A informação foi publicada pela Exame.com.
Jovens nas ruas e a manipulação da indignação social
As manifestações, que começaram como atos pacíficos contra o desemprego e a precarização, ganharam proporções inéditas e se transformaram em um movimento difuso, com pautas fragmentadas e forte presença digital. Analistas independentes apontam que parte dessa mobilização pode estar sendo explorada como nova ferramenta de guerra híbrida, em um contexto geopolítico em que o Peru se tornou estratégico para as potências ocidentais.
A explosão de protestos ocorre poucas semanas após a inauguração do Porto de Chancay, uma obra de infraestrutura de grande porte financiada com capital chinês, que transformará o Peru em um eixo logístico essencial da presença econômica da China na América do Sul. O momento da crise levanta questionamentos sobre quem se beneficia da instabilidade política e do enfraquecimento de um governo que mantém relações pragmáticas com Pequim.
O uso da juventude como vetor de desestabilização
Movimentos digitais e campanhas anônimas em redes sociais têm estimulado uma narrativa de “renovação política” e “revolta geracional”, mas sem clareza programática. Especialistas em geopolítica latino-americana alertam que essa tática de mobilizar jovens com pautas legítimas para fins externos — fenômeno já observado em outros países — tem sido um instrumento típico de desestabilização promovido pelo imperialismo, em especial pelos Estados Unidos, para conter o avanço da influência chinesa e russa na região.
A imposição do estado de emergência, com restrições à livre circulação e atuação conjunta de militares e policiais, representa um retrocesso democrático e sinaliza que o governo peruano optou pela repressão em vez do diálogo com a juventude.
O porto de Chancay e o novo tabuleiro geopolítico
O Porto de Chancay, construído com investimentos da China COSCO Shipping, é visto como um divisor de águas na integração sul-americana. Com capacidade para movimentar milhões de toneladas e conectar o Pacífico diretamente à Ásia, o projeto fortalece o papel do Peru como elo estratégico da Iniciativa Cinturão e Rota.
Para Washington e seus aliados, esse avanço representa uma ameaça direta à hegemonia comercial e militar no Pacífico. Nesse contexto, a instabilidade interna surge como arma política e econômica para enfraquecer a soberania peruana e comprometer a presença chinesa em uma região cada vez mais central nas disputas globais.
O estado de emergência em Lima e Callao, portanto, não é apenas uma resposta a protestos juvenis — é o reflexo de uma disputa muito maior: a tentativa de redefinir o mapa de poder na América do Sul e impedir que o continente consolide relações independentes com o Oriente.


