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Junta militar toma o poder em Madagascar após protestos da geração Z

Manifestantes comemoraram agitando a faixa de protesto da "geração Z", com uma caveira, da série de anime "One Piece"

Coronel Michael Randrianirina se junta a protestos da "geração Z", em Antananarivo, Madagascar - 14/10/2025 (Foto: REUTERS/Siphiwe Sibeko)

247 - Uma junta militar em Madagascar aplicou um golpe de Estado e assumiu, nesta terça-feira (14), o poder, declarou um coronel do Exército. O Tribunal Constitucional Superior do país autorizou a medida, abrindo o caminho para o coronel Michael Randrianirina servir como presidente, de acordo com agências internacionais. 

"Tomamos o poder", afirmou em cadeia nacional Randrianirina, que liderou um motim de soldados. De acordo com ele, os militares irão dissolver todas as instituições, exceto a câmara baixa do parlamento, que votou mais cedo, durante uma sessão extraordinária, pelo impeachment do presidente, Andry Rajoelina. Ele falhou em sua última cartada: um chamado para que a assembleia fosse dissolvida. Apesar do caos social, Rajoelina se recusa a renunciar.

Randrianirina afirmou que a Constituição foi suspensa e novas estruturas nacionais foram estabelecidas "para atender às aspirações do povo malgaxe". Ele anunciou a dissolução de importantes instituições públicas, incluindo o Senado, o Tribunal Superior Constitucional e a Comissão Eleitoral Nacional Independente.

Nos próximos dias, um "governo civil" será formado, afirmou, acrescentando que sua missão será liderar uma renovação nacional, restaurar a confiança pública nas instituições e reconstruir um Estado baseado na justiça, na boa governança e na responsabilização.

Sublinhando que o prazo desta estrutura transitória é fixado em um máximo de dois anos, ele disse que um referendo constitucional será organizado, seguido de eleições gerais para estabelecer novas instituições.

Na Praça 13 de Maio, na capital Antananarivo, ao longo da rua principal ladeada por palmeiras e edifícios coloniais franceses, milhares de manifestantes celebravam. Muitos estavam agitando bandeiras de Madagascar e a característica faixa de protesto da "geração Z", com uma caveira, da série de anime japonesa "One Piece".

O anúncio vem após, segundo relatos da mídia francesa, Rajoelina escapar para o exterior em um avião militar francês, em meio ao impasse com os manifestantes, inspirados pela chamada "onda global de protestos da geração Z" e aliados a forças de segurança.  

Impeachment

“Entre os 131 parlamentares presentes durante a votação, 130 votaram a favor do impeachment, enquanto um se absteve”, declarou o vice-presidente da Assembleia, Siteny Randrianasoloniaiko, após a sessão, de acordo com a Xinhua. Randrianasoloniaiko afirmou que o decreto de dissolução do parlamento estava “desprovido de validade jurídica devido à ausência de validação formal”.

Revoltados e jovens

As manifestações começaram na nação insular africana em 25 de setembro, com os manifestantes denunciando  escassez de água e energia. Após protestos semelhantes no Nepal, que levaram à derrubada do governo no país asiático, a população de Madagascar rapidamente se voltou contra a corrupção, má governança e falta de serviços básicos. 

A raiva da geração Z refletiu os recentes protestos contra as elites governantes em outros lugares, incluindo, além de Madagascar e o Nepal, Marrocos, Peru e Paraguai, assinala a Reuters. Antes disso, Bangladesh e Indonésia atravessaram tumultos com traços semelhantes. 

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