Na ONU, Milei exalta Trump e critica esquerda

247 - O presidente da Argentina, Javier Milei, utilizou a tribuna da ONU nesta quarta-feira (24) para defender sua agenda liberal e reforçar o alinhamento com os Estados Unidos. A reportagem foi publicada inicialmente pela Folha de S.Paulo. O discurso ocorreu um dia após Milei receber apoio explícito do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, gesto que buscava fortalecer sua posição em meio às turbulências políticas e econômicas no país.

Durante a fala, Milei elogiou a postura de Trump em relação à imigração, destacando que os EUA compreenderam a necessidade de debater uma questão que, segundo ele, conduzia a nação “à catástrofe”. O argentino ressaltou que não abrirá mão da defesa das liberdades individuais e econômicas: “Nunca acompanharemos a restrição das liberdades individuais e comerciais ou a violação dos direitos naturais dos cidadãos dos Estados-membros, e votamos de acordo”, afirmou.

Críticas ao populismo e defesa de reformas

Milei também direcionou críticas aos políticos que chamou de “populistas”, acusando-os de fomentar inveja e ressentimento em prol de um Estado que explora seus cidadãos. Para ele, o mundo vive um dilema entre garantir o presente e planejar o futuro. “É preciso encontrar um equilíbrio para que o pão de hoje não signifique fome amanhã”, declarou.

Além de reafirmar a aliança estratégica com Washington e Tel Aviv, o líder argentino voltou a defender a soberania do país sobre as ilhas Malvinas, tema recorrente em sua política externa.

Apoio de Trump em meio à crise econômica

Na véspera, Milei havia se reunido com Donald Trump, em encontro paralelo à cúpula da ONU. O norte-americano não poupou elogios: “Ele fez um trabalho fantástico e estou fazendo algo que não costumo fazer: dar a ele todo o meu apoio”, disse. Trump também projetou confiança nas eleições legislativas de 26 de outubro, afirmando acreditar que Milei terá sucesso.O presidente dos EUA reforçou sua posição ao publicar em sua rede Truth Social: “Argentina: Javier Milei é um grande amigo, lutador e vencedor, e tem meu total apoio à reeleição como presidente. Ele nunca os decepcionará”.

O gesto teve efeito imediato nos mercados argentinos, que vinham enfrentando instabilidade após a derrota de Milei nas eleições legislativas da província de Buenos Aires, em 7 de setembro. A valorização do dólar havia intensificado a crise interna, cenário que foi parcialmente contido com a sinalização de apoio da Casa Branca.

Agenda em Nova York

A comitiva argentina incluiu a irmã do presidente, Karina Milei, além dos ministros Luis Caputo (Economia), Gerardo Werthein (Relações Exteriores), Luis Petri (Defesa) e o porta-voz Manuel Adorni.

Ainda em Nova York, Milei tem agendado um encontro com a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva. O dia será encerrado com uma cerimônia de gala no Ziegfeld Ballroom, em Manhattan, onde o argentino receberá um prêmio das mãos do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. O evento contará com a presença de outras figuras de destaque, como o presidente francês Emmanuel Macron e o presidente da Fifa, Gianni Infantino.