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Movimento indígena do Equador define novas ações após dez dias de greve

Conaie mantém mobilizações contra governo de Daniel Noboa em meio a repressão e divergências internas sobre o diálogo

"Dez dias de greve nacional se passaram e a resistência popular continua", anunciou a CONAIE. Foto: @CONAIE_Ecuador (Foto: Conaie-Equador)

247 - Após dez dias consecutivos de paralisações em todo o Equador, o movimento indígena prepara novas medidas de pressão contra o governo de Daniel Noboa. A Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) anunciou que suas lideranças se reunirão nesta quinta-feira (2) para avaliar os próximos passos da mobilização nacional.

De acordo com a Telesur, a Conaie declarou que “a resistência do povo continua inabalável” apesar da repressão estatal. O movimento afirma que as reivindicações seguem firmes, enquanto o Executivo insiste em rotular os manifestantes de “terroristas”.

Mobilizações seguem apesar da repressão

No balanço feito pela Conaie na quarta-feira, a entidade destacou: “Dez dias de greve nacional se passaram, e a resistência do povo continua inabalável. O governo de Daniel Noboa está respondendo com repressão, mas nossas reivindicações permanecem firmes e justas”.

As mobilizações têm ocorrido em diversas províncias, sobretudo na região da Serra Norte, onde comunidades de Imbabura e Pichincha mantêm bloqueios e marchas. Em Quito, estudantes e artistas protestaram em frente à Universidade Central com manifestações culturais, mas foram dispersados pela polícia com bombas de gás.

Segundo a Aliança de Organizações por Direitos Humanos, já foram registrados 92 feridos, 100 detidos e dez desaparecidos desde o início da greve. Entre os desaparecidos estão duas mulheres idosas.

Divergências sobre o diálogo

Enquanto a Conaie mantém a paralisação, a Federação dos Povos Kichwa da Serra Norte emitiu uma nota propondo “trégua temporária” como gesto de boa fé para iniciar um processo de diálogo com o governo. No entanto, essa decisão gerou críticas internas. Representantes dos povos Kichwa Karanki e Kichwa Otavalo classificaram a posição do presidente da Federação, Mesías Flores, como “arbitrária”, alegando falta de consulta às bases.

Reivindicações do movimento

Entre os principais pontos exigidos pelo movimento indígena estão:

Revogação do decreto que eliminou o subsídio ao diesel

Redução do Imposto ao Valor Agregado (IVA) de 15% para 12%

Libertação dos manifestantes presos

Fim da expansão da mineração e da exploração petrolífera

Para as organizações sociais, o “verdadeiro terrorismo” não está nas ruas, mas nas políticas econômicas vinculadas ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e na violência do Estado contra os cidadãos mobilizados.

As lideranças indígenas devem definir nas próximas horas a estratégia para os próximos dias de paralisação, enquanto cresce a tensão entre a repressão policial e os setores que buscam um espaço de negociação.

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