Maduro denuncia que, com mentiras, os EUA tentam justificar um ataque contra a Venezuela
Presidente venezuelano instou a imprensa internacional a contar a verdade sobre o país
247 - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, denunciou nesta segunda-feira (15) que os Estados Unidos buscam justificar “um incidente militar e um ataque contra a Venezuela” a partir de “puras mentiras”, após novo episódio de hostilidade de militares norte-americanos no sul do Caribe.
“Por que eles [EUA] estão lutando? Eles não estão lutando pela paz. Eles usam como desculpa puras mentiras, como demonstraram os dados da União Europeia, da Organização Mundial contra o Crime e o Delito da ONU, da própria DEA e da Organização Mundial de Aduanas. Puras mentiras contra a Venezuela. E, com mentiras, fabricar um dossiê que justifique uma escalada, que justifique um incidente militar e que justifique um ataque contra a Venezuela, um ataque criminoso”, afirmou Maduro em coletiva de imprensa com veículos nacionais e internacionais.
“Não é tensão, é agressão”
Maduro ressaltou que, ao contrário do que dizem manchetes da imprensa sobre tensões com Washington, a Venezuela está sendo alvo de uma “agressão” multifacetada.
“Não é uma tensão, é uma agressão em toda a linha. É uma agressão judicial, quando nos criminalizam; é uma agressão política, com suas declarações ameaçadoras diárias; é uma agressão diplomática; e é uma agressão em curso de caráter militar”, destacou.
No fim de semana, um barco pesqueiro venezuelano foi interceptado por um destróier norte-americano em águas da Zona Econômica Exclusiva do país. Os tripulantes ficaram detidos por mais de oito horas, o que levou Caracas a classificar o episódio como um “assalto ilegal”.
Na véspera, o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, também denunciou o constante sobrevoo de aviões norte-americanos próximos à costa venezuelana, que, segundo ele, frequentemente descumprem normas operacionais por não notificarem o plano de voo, o que poderia provocar acidentes.
No domingo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi questionado sobre a possibilidade de ordenar ataques ao território continental da Venezuela sob o pretexto do combate ao narcotráfico. “Vamos ver o que acontece”, respondeu.
Nesta segunda-feira, o governo da China criticou as ações norte-americanas no Caribe, afirmando que “ameaçam a paz e a segurança regionais, violaram gravemente a soberania, a segurança e os direitos legítimos de outros países e infringiram o direito internacional”.
Escalada de tensões
Desde agosto, a administração do presidente Donald Trump tem elevado o tom contra Caracas, após relatos da imprensa internacional sobre o envio de forças militares dos EUA ao Caribe sul para supostamente combater cartéis de drogas.
A procuradora-geral dos EUA, Pamela Bondi, chegou a dobrar a recompensa por informações que levassem à captura de Nicolás Maduro, sob a acusação, rejeitada por Caracas, de liderar um “cartel de narcotráfico”.
Segundo o governo venezuelano, a verdadeira intenção de Washington é forçar uma mudança política no país a fim de controlar seus recursos naturais. Como resposta, Maduro convocou alistamento voluntário na Milícia Bolivariana para a defesa da soberania nacional.
Apesar do aumento das fricções, Maduro afirmou estar aberto ao diálogo com Donald Trump, desde que não seja imposta a chamada “diplomacia das canhoneiras”, atribuída ao secretário de Estado, Marco Rubio.
O Pentágono, por sua vez, acusou a Força Aérea venezuelana de sobrevoar “próximo a um navio da Marinha dos EUA em águas internacionais”, chamando o ato de “provocador” e alegando que buscava interferir em operações “contra o narcoterrorismo”. Em seguida, Trump ameaçou derrubar aviões venezuelanos caso colocassem os EUA “em posição perigosa”.
Diante desse cenário, Maduro declarou que, se o país for alvo de agressão, passará à luta armada. Ele ainda advertiu que Washington “deve abandonar seu plano de mudança violenta de regime na Venezuela e em toda a América Latina e o Caribe”.
"Batalha pela verdade"
Maduro também instou a imprensa internacional a contar a verdade sobre a Venezuela. Ele afirmou que os meios de comunicação “têm que fazer um grande esforço ético para mostrar a verdade; neste caso, a verdade da Venezuela, um país pacífico, que com dedicação e trabalho tem avançado”.
E destacou: “Ninguém nos deu de presente a independência, nem a nossa identidade, nem a nossa República; pelo contrário, conquistamos tudo isso com empenho”.
O presidente venezuelano também classificou que as pressões militares dos EUA contra seu país representam uma "batalha pela verdade".
Maduro destacou que seu país está em “uma batalha pela verdade, para preservar a paz”. E acrescentou: “Há cinco semanas fomos ameaçados com navios lançadores de mísseis, um submarino nuclear e a intenção de invasão e ocupação do nosso território”.
(Com agências)