Lula e Noboa defendem reaproximação Brasil-Equador e firmam acordos em energia, agricultura e combate ao crime
Presidentes assinaram memorandos em áreas estratégicas, destacaram potencial da América Latina e reforçaram cooperação no combate a organizações criminosas
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu nesta segunda-feira (18), no Palácio do Planalto, o presidente do Equador, Daniel Noboa Azin, em visita oficial que marca a reaproximação das relações entre os dois países após um hiato de quase 18 anos desde a última vez em que um mandatário equatoriano esteve no Brasil.
Durante o encontro, Brasil e Equador assinaram memorandos de entendimento em áreas estratégicas como combate à fome e à pobreza, inteligência artificial e capacitação de profissionais em infraestruturas de computação de alto desempenho. Também foram firmadas cooperações em políticas públicas de agricultura familiar, desenvolvimento rural sustentável, transição agroecológica, abastecimento alimentar, produção orgânica e redução do desperdício.
“É uma oportunidade para reaproximar dois países amigos”, afirmou Lula, ao lado de Noboa. O presidente equatoriano reforçou a necessidade de superar divisões: “As discussões ideológicas são página virada. Precisamos procurar soluções para as pessoas”, disse.
Transição energética e Amazônia
Lula destacou que Brasil e Equador possuem matrizes elétricas quase totalmente renováveis e compartilham o bioma amazônico. Ele mencionou a COP30, que será realizada em Belém, como momento crucial para apresentar soluções globais: “Dentro de poucos meses, a Amazônia será o epicentro das soluções para o planeta”. O presidente brasileiro agradeceu ainda o apoio de Noboa ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre, iniciativa que o Brasil pretende lançar para beneficiar os países membros da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica.
América Latina como potência
Noboa defendeu que os países da região têm condições de se consolidar como uma potência global. “É importante vermos a América Latina como uma região única e temos uma oportunidade de ouro para torná-la uma potência. Uma potência na área de justiça e de dignidade, e oferecer aos nossos filhos uma vida melhor, assim como aos nossos netos e assim por diante. E são esses assuntos que nos unem aqui", afirmou.
Cooperação em segurança pública
Outro ponto central do encontro foi o combate às organizações criminosas. Lula anunciou que o Brasil reabrirá a adidância da Polícia Federal em Quito e ampliará a cooperação com o Equador. “Só conseguiremos deter as redes criminosas que se espalharam pela América do Sul agindo juntos”, destacou.
Comércio bilateral
O presidente brasileiro também defendeu maior equilíbrio nas trocas comerciais entre os dois países. Em 2024, a corrente de comércio alcançou US$ 1,1 bilhão, com superávit de US$ 850 milhões para o Brasil. “Estamos dispostos a trabalhar por um comércio mais equilibrado, reduzindo barreiras a produtos equatorianos”, disse Lula.
Atualmente, as exportações brasileiras para o Equador incluem papel e cartão, automóveis de passageiros, trigo e calçados. Já as importações do país vizinho são compostas principalmente por chumbo, sucata de metais, pescados, artigos de confeitaria e produtos plásticos.