'Intervenção externa na Venezuela pode incendiar a América do Sul', alerta Celso Amorim
Diplomata afirma que uma intervenção militar dos EUA na Venezuela pode gerar instabilidade em toda a América do Sul
247 - O ex-chanceler Celso Amorim, atual assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assuntos internacionais, alertou nesta sexta-feira (24) que uma “intervenção externa” na Venezuela poderia causar graves consequências políticas e humanitárias em toda a América do Sul. As declarações do diplomata, segundo a Folha de S. Paulo, foram dadas à agência de notícias AFP, em meio à escalada de tensões provocada pela ofensiva militar conduzida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Caribe.
“Pode incendiar a América do Sul”, diz Amorim
Amorim foi enfático ao condenar qualquer tentativa de ação militar estrangeira no território venezuelano. “Não podemos aceitar uma intervenção externa porque isso vai criar um ressentimento imenso”, afirmou o diplomata. Segundo ele, uma ofensiva dessa natureza “pode incendiar a América do Sul e levar à radicalização da política em todo o continente”. Ele também destacou que a crise pode se agravar com o aumento do fluxo de refugiados e a instabilidade nas fronteiras sul-americanas.
Lula defende diálogo com os EUA
Questionado sobre o possível encontro entre Lula e Trump, previsto para domingo (26) na Malásia, Amorim afirmou que o presidente brasileiro manterá uma postura equilibrada. “Lula não vai dar lições a Trump e espera que o contrário também não aconteça. É preciso haver um diálogo para buscar pontos de convergência”, observou.
Mais cedo, durante visita oficial à Indonésia, Lula também criticou os bombardeios estadunidenses no Caribe. “Você não pode simplesmente dizer que vai invadir e combater o narcotráfico na terra dos outros, sem levar em conta a Constituição dos outros países”, declarou o presidente a jornalistas em Jacarta. “Antes de punir alguém, eu tenho que julgar essa pessoa. Eu tenho que ter provas”, acrescentou.
Lula iniciou sua viagem oficial à Ásia na quarta-feira (22), desembarcando em Jacarta, capital da Indonésia. Em seguida, seguirá para Kuala Lumpur, na Malásia, onde participará da Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), evento que deve reunir discussões sobre cooperação econômica e segurança internacional.
Novo ataque dos EUA contra embarcação agrava tensões
As falas de Lula e Amorim ocorreram no mesmo dia em que os Estados Unidos anunciaram um novo ataque a uma embarcação no Caribe, resultando na morte de seis pessoas. Com essa ação, já são 43 mortos em dez bombardeios contra embarcações suspeitas de tráfico de drogas em águas internacionais.
O chefe do Pentágono, Pete Hegseth, publicou nas redes sociais um vídeo do momento do ataque e afirmou que: “a embarcação, segundo nosso serviço de inteligência, estava envolvida no contrabando ilícito de narcóticos, transitava por uma rota conhecida de narcotráfico e transportava entorpecentes.” Hegseth, contudo, não apresentou provas de que o barco alvejado transportava drogas.
Mobilização militar dos EUA na região do Caribe
Além dos ataques, Washington também anunciou exercícios militares conjuntos com Trinidad e Tobago, próximos à costa venezuelana, o que elevou ainda mais a tensão diplomática na região.Trump também mobilizou uma frota de navios de guerra, além de caças e um submarino nuclear para a região do Caribe, além de instruir a CIA (Central de Inteligência dos EUA) e o Pentágono a adotarem medidas mais agressivas contra o governo de Nicolás Maduro, na Venezuela.


