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Evo Morales propõe voto nulo nas eleições bolivianas em protesto contra sua exclusão

Ex-presidente diz que Bolívia tem “democracia sem povo” e afirma que anular o voto é forma legítima de rebelião contra o sistema eleitoral “deslegitimado”

Evo Morales (Foto: REUTERS/Agustin Marcarian)

247 - O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, conclamou a população a anular o voto nas eleições gerais marcadas para o dia 17 de agosto. Em discurso pronunciado na região do Chapare, durante as comemorações do Bicentenário da Independência, Morales defendeu o voto nulo como forma de "rebelião democrática" frente ao que classificou como um processo eleitoral “deslegitimado”, informa a Prensa Latina.

A fala de Morales foi  marcada por fortes críticas ao governo do presidente Luis Arce e às decisões do Tribunal Constitucional Plurinacional (TCP), que o impediram de disputar novamente a Presidência.

Durante o discurso, Morales acusou o atual Executivo boliviano e as estruturas do Estado de promoverem o retorno a uma “democracia de elite”, nos moldes anteriores a 2006. “Uma democracia sem o povo”, afirmou o ex-presidente indígena, “que nos nega o direito de eleger e ser eleitos”, em referência direta à sua exclusão do pleito por decisão judicial.

Segundo Morales, por trás da “proscrição do movimento político popular” estão os mesmos interesses que, segundo ele, estiveram por trás da "pilhagem" do país e do golpe de Estado que o afastou do poder em 2019, após um motim policial e pressões de setores das Forças Armadas.

“O que querem agora é entregar o lítio e destruir a Bolívia soberana”, alertou, referindo-se à importância estratégica dos recursos naturais bolivianos e à luta por sua preservação sob controle nacional.

Reiterando que os movimentos sociais seguem organizados e ativos, Morales insistiu: “Um voto nulo é uma forma de rejeição de uma eleição com indícios de invalidade”. Para ele, a anulação do voto será transformada em um “referendo eleitoral”, desafiando o que chamou de "princípios que sempre defendemos".

A fala foi encerrada com uma mensagem de mobilização permanente. “A luta continua, e retornaremos mais fortes, com mais consciência e com mais união”, afirmou. “Desta vez não se trata de resistir, mas de vencer e vencer”, completou, sob aplausos de seus apoiadores.

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