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EUA reativam base militar no Caribe em preparação para ações contra a Venezuela

Modernização de instalações em Porto Rico e nas Ilhas Virgens indica expansão militar próxima ao território venezuelano

Avistamentos recentes de embarcações e aeronaves militares dos EUA até 31 de outubro (Foto: Reuters)

247 - Uma investigação da Reuters revelou que as forças armadas dos Estados Unidos estão reativando e modernizando uma antiga base naval da Guerra Fria no Caribe, o que especialistas interpretam como um movimento estratégico voltado para operações prolongadas próximas à Venezuela.

De acordo com a agência, as obras em Roosevelt Roads, uma antiga base naval norte-americana em Porto Rico desativada há mais de 20 anos, estavam em andamento em meados de setembro. Imagens obtidas pela Reuters mostraram equipes repavimentando pistas e restaurando áreas de decolagem. O local, que já foi uma das maiores estações navais dos EUA, oferece posição estratégica e amplo espaço para armazenar equipamentos militares.

Infraestrutura militar ampliada no Caribe

Além de Roosevelt Roads, os Estados Unidos também estão construindo novas instalações em aeroportos civis de Porto Rico e de St. Croix, nas Ilhas Virgens Americanas — ambos territórios sob jurisdição norte-americana e localizados a cerca de 800 quilômetros da Venezuela. Fontes militares e especialistas em segurança marítima ouvidos pela Reuters afirmam que os avanços indicam preparativos para possíveis operações na região.

Movimentação de tropas e equipamentos

Segundo a reportagem, o reforço militar é o maior desde 1994, quando Washington enviou dois porta-aviões e 20 mil soldados ao Haiti. Desde setembro, os EUA realizaram 14 ataques contra embarcações acusadas de fazer narcotráfico no Caribe e no Pacífico, resultando em 61 mortes.

A Casa Branca justificou o aumento da presença militar com base na promessa do presidente Donald Trump de intensificar o combate aos cartéis de drogas. “Ele tomou medidas sem precedentes para deter o flagelo do narcoterrorismo, que resultou na morte desnecessária de americanos inocentes”, declarou a porta-voz Anna Kelly, em comunicado à Reuters.

Expansão de bases e sistemas de vigilância

Imagens de satélite analisadas pela Reuters mostram a instalação de equipamentos móveis de controle aéreo e tendas militares em Roosevelt Roads. Em outro ponto, no aeroporto Rafael Hernández, também em Porto Rico, foram observadas torres de controle móveis e drones Reaper, além de uma nova estrutura para armazenamento de munições.

Para o analista Mark Cancian, coronel aposentado do Corpo de Fuzileiros Navais e consultor do CSIS, a infraestrutura “poderia ser usada a curto prazo em uma operação contra a Venezuela”.Nas Ilhas Virgens, fotos de satélite do aeroporto Henry E. Rohlsen, em St. Croix, revelam construções próximas às áreas de estacionamento e o provável posicionamento de um novo sistema de radar. O governador local, Albert Bryan Jr., afirmou que há cooperação com os militares dos EUA, mas sem acesso a detalhes operacionais, defendendo que a presença americana “fortalece a segurança e combate o tráfico de drogas e armas”.

Frota e poder aéreo mobilizados

Desde agosto, o governo Trump enviou à região 13 navios de guerra, cinco embarcações de apoio e um submarino nuclear. Entre eles, o porta-aviões Gerald R. Ford, o maior do mundo, e destróieres como o USS Jason Dunham, o USS Gravely e o USS Stockdale.

Também foram deslocados aviões de carga C-17, drones e caças F-35. Dados de rastreamento de voo indicam missões de bombardeiros supersônicos B-1B Lancer e B-52 Stratofortress sobre a costa venezuelana.

Hernandez-Roy observou que a movimentação reforça o interesse estratégico dos Estados Unidos na região. “Se o foco agora é o Hemisfério Ocidental, faz sentido reabrir uma base naval tão grande e garantir que ela possa receber todo tipo de aeronave militar”, explicou o analista.

Sombra de uma possível ofensiva

Embora o Pentágono e o governo de Porto Rico não tenham respondido aos pedidos de comentário, as evidências de expansão militar no Caribe reforçam a percepção de que Washington se prepara para uma presença de longo prazo próxima à Venezuela.

Em recente declaração, o presidente Donald Trump insinuou que novas etapas poderão ocorrer: “O terreno será o próximo passo”, disse.

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