Empresas estrangeiras voltam a mirar Vaca Muerta após anos fora do mercado argentino
Governador de Neuquén, Rolando Figueroa, afirma que grupos internacionais - inclusive uma empresa brasileira - preparam novos aportes na região
247 - O governador da província de Neuquén, Rolando Figueroa, afirmou que empresas internacionais que haviam deixado a Argentina para investir em outros mercados estão agora interessadas em retomar projetos em Vaca Muerta. A declaração foi feita nesta segunda-feira (11) durante a série de palestras Democracia e Desenvolvimento, evento que integra as comemorações dos 80 anos do jornal Clarín.
Segundo Figueroa, embora não pudesse revelar os nomes por se tratar de informações do setor privado, “há muitas empresas focadas em reentrar na Argentina. Aliás, uma empresa brasileira está entrando esta semana, e acreditamos que uma empresa colombiana entrará nos próximos 15 dias”. Fontes do setor, segundo a reportagem, especulam que se trata da Petrobras e da GeoPark.
A retomada de interesse estrangeiro contrasta com o cenário observado nos últimos meses, quando multinacionais venderam ou reduziram suas operações no país, enquanto companhias argentinas ampliaram participação. Entre os exemplos de saída parcial ou total, estão a norte-americana ExxonMobil, a malaia Petronas e a francesa TotalEnergies.
Figueroa ressaltou a importância de valorizar os investimentos das empresas locais que permanecem mesmo em períodos adversos. “Quando uma empresa migra para o exterior porque surge um novo horizonte de investimento, há também uma empresa nacional que sempre nos acompanha e investe. Por exemplo, quando a Exxon migrou, a Pluspetrol fez um investimento significativo”, destacou.
O governador participou do painel Investimentos para uma Produção Mais Eficiente, ao lado de Ricardo Markous, CEO da Tecpetrol, e de Daniel Gerold, diretor da G&G Energy Consultants. O encontro, realizado no Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (Malba), teve como tema central “Vanguarda Tecnológica: O Futuro do Desenvolvimento”.
Figueroa observou que “recentemente, um horizonte diferente foi apresentado para aqueles que querem investir, e os olhos dos investidores estrangeiros estão voltados para as eleições de outubro, em termos de se a situação econômica poderá melhorar ou mudar”.
Markous destacou os investimentos que a Tecpetrol vem realizando em Neuquén e citou preocupações com fatores externos, como o preço internacional do petróleo, o custo do financiamento e a estabilidade macroeconômica. “Vaca Muerta é um recurso extraordinário; podemos compará-lo à rocha norte-americana, e temos produtividade superior tanto em gás quanto em petróleo”, afirmou, de acordo com a reportagem.
Gerold, por sua vez, alertou para os chamados “custos argentinos” e para a queda dos preços internacionais, que têm desestimulado a entrada de novos fundos de investimento. “Estou preocupado com a chegada de poucas ou nenhuma empresa”, disse, defendendo a eliminação de restrições às exportações.
O CEO da Tecpetrol ainda frisou a importância da inovação para reduzir despesas operacionais. “Processamos 3 milhões de pontos de dados por hora em equipamentos de perfuração e infraestrutura”, explicou, referindo-se ao Centro de Operações em Tempo Real que integra, a partir de Buenos Aires, a gestão de atividades na Argentina, Colômbia, México e Equador.