Em meio às ameaças dos EUA, Venezuela reforça tropas nas fronteiras com Colômbia e Brasil
Forças venezuelanas foram deslocadas em resposta ao envio de tropas dos EUA para a região do Caribe
247 - A Venezuela intensificou sua presença militar nas fronteiras com a Colômbia e o Brasil nesta sexta-feira, 17 de outubro, como parte de um conjunto de manobras que envolvem 17 mil soldados. A medida surge como resposta ao envio de navios de guerra dos Estados Unidos para a região do Caribe, uma ação que Washington justifica como parte de uma operação antidrogas focada, especialmente, em Caracas e no presidente Nicolás Maduro. As informações são da RFI.
Reforço militar e intensificação das tensões
As manobras militares na Venezuela ocorrem em meio a um cenário de crescente tensão entre Caracas e Washington, que se arrasta há meses e ameaça desestabilizar ainda mais a região. Nesta semana, o presidente dos EUA, Donald Trump, autorizou operações clandestinas da CIA na Venezuela, visando desmantelar o que considera uma rede de narcotráfico associada, segundo ele, ao governo de Nicolás Maduro. Em paralelo, ações deflagradas a partir da frota em águas caribenhas já resultaram em ataques a embarcações, com pelo menos 27 mortos, segundo relatos, embora a AFP não tenha conseguido confirmar a veracidade dos números.
Resposta venezuelana à presença militar dos EUA
Em resposta, o presidente Nicolás Maduro, que nega qualquer envolvimento com o tráfico de drogas, classificou a presença militar dos EUA como uma "ameaça" à soberania venezuelana. "Estamos preparados para defender nossa pátria contra qualquer agressão", afirmou o chefe de Estado ao ordenar o deslocamento de forças militares para as fronteiras com os países vizinhos.
No estado de Táchira, uma das áreas mais críticas onde estão localizadas as principais pontes que conectam a Venezuela à Colômbia, as forças armadas foram posicionadas ao redor da Ponte Internacional Simón Bolívar, que liga as cidades de Cúcuta e Villa del Rosario, na Colômbia, à cidade venezuelana de San Antonio.
Reforço na fronteira com o Brasil
Segundo o comandante da Zona Operacional de Defesa Integrada (Zodi) de Táchira, general Michell Valladares, 17 mil soldados foram mobilizados para a região. Já no estado do Amazonas, que faz fronteira com o Brasil, as forças de segurança foram deslocadas para proteger "negócios estratégicos" e "serviços básicos", com o objetivo de "aumentar o nível de prontidão operacional", afirmou o chefe da Zodi no Amazonas, general Lionel Sojo.
Mobilização nas áreas costeiras
Ainda de acordo com a reportagem, além das fronteiras terrestres, a Venezuela também intensificou a vigilância nas áreas costeiras, especialmente após o último ataque marítimo, que gerou investigações em Trinidad e Tobago sobre a possível morte de dois de seus cidadãos. A situação se complica ainda mais com os constantes ataques que colocam em xeque a estabilidade da região.
Acusações e especulações
A Casa Branca e o presidente Donald Trump têm acusado sistematicamente o presidente Nicolás Maduro de estar diretamente envolvido no narcotráfico, o que o governo venezuelano nega categoricamente. Além disso, o governo estadunidense oferece uma recompensa de US$ 50 milhões pela captura de Maduro.
Por sua vez, o almirante Alvin Holsey, comandante das forças americanas na América do Sul e Central, anunciou sua aposentadoria antecipada após 37 anos de serviço, deixando seu cargo em 12 de dezembro, sem fornecer maiores explicações.
Denúncia de guerra psicológica
Em meio a esse turbilhão de tensões, Caracas tem expressado indignação com as operações da CIA, denunciando tentativas de desestabilização interna. Recentemente, a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, e seu irmão Jorge foram citados pelo jornal Miami Herald em uma alegada negociação com Washington para depor Maduro em troca de manter o poder.
Em resposta, Rodríguez repudiou as acusações. "Mais um meio de comunicação contribuindo para a guerra psicológica contra o povo venezuelano. Eles não têm ética nem moral e promovem exclusivamente mentiras e podridão", escreveu ela na rede social Telegram.


