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Em meio às ameaças dos EUA, Venezuela reforça tropas nas fronteiras com Colômbia e Brasil

Forças venezuelanas foram deslocadas em resposta ao envio de tropas dos EUA para a região do Caribe

Soldados participam de um exercício liderado pelas Forças Armadas Nacionais Bolivarianas para treinar cidadãos no manuseio de armas em Yagua, Venezuela, em 20 de setembro de 2025 (Foto: REUTERS/Juan Carlos Hernandez)

247 - A Venezuela intensificou sua presença militar nas fronteiras com a Colômbia e o Brasil nesta sexta-feira, 17 de outubro, como parte de um conjunto de manobras que envolvem 17 mil soldados. A medida surge como resposta ao envio de navios de guerra dos Estados Unidos para a região do Caribe, uma ação que Washington justifica como parte de uma operação antidrogas focada, especialmente, em Caracas e no presidente Nicolás Maduro. As informações são da RFI.

Reforço militar e intensificação das tensões

As manobras militares na Venezuela ocorrem em meio a um cenário de crescente tensão entre Caracas e Washington, que se arrasta há meses e ameaça desestabilizar ainda mais a região. Nesta semana, o presidente dos EUA, Donald Trump, autorizou operações clandestinas da CIA na Venezuela, visando desmantelar o que considera uma rede de narcotráfico associada, segundo ele, ao governo de Nicolás Maduro. Em paralelo, ações deflagradas a partir da frota em águas caribenhas já resultaram em ataques a embarcações, com pelo menos 27 mortos, segundo relatos, embora a AFP não tenha conseguido confirmar a veracidade dos números.

Resposta venezuelana à presença militar dos EUA

Em resposta, o presidente Nicolás Maduro, que nega qualquer envolvimento com o tráfico de drogas, classificou a presença militar dos EUA como uma "ameaça" à soberania venezuelana. "Estamos preparados para defender nossa pátria contra qualquer agressão", afirmou o chefe de Estado ao ordenar o deslocamento de forças militares para as fronteiras com os países vizinhos.

No estado de Táchira, uma das áreas mais críticas onde estão localizadas as principais pontes que conectam a Venezuela à Colômbia, as forças armadas foram posicionadas ao redor da Ponte Internacional Simón Bolívar, que liga as cidades de Cúcuta e Villa del Rosario, na Colômbia, à cidade venezuelana de San Antonio.

Reforço na fronteira com o Brasil

Segundo o comandante da Zona Operacional de Defesa Integrada (Zodi) de Táchira, general Michell Valladares, 17 mil soldados foram mobilizados para a região. Já no estado do Amazonas, que faz fronteira com o Brasil, as forças de segurança foram deslocadas para proteger "negócios estratégicos" e "serviços básicos", com o objetivo de "aumentar o nível de prontidão operacional", afirmou o chefe da Zodi no Amazonas, general Lionel Sojo.

Mobilização nas áreas costeiras

Ainda de acordo com a reportagem, além das fronteiras terrestres, a Venezuela também intensificou a vigilância nas áreas costeiras, especialmente após o último ataque marítimo, que gerou investigações em Trinidad e Tobago sobre a possível morte de dois de seus cidadãos. A situação se complica ainda mais com os constantes ataques que colocam em xeque a estabilidade da região.

Acusações e especulações

A Casa Branca e o presidente Donald Trump têm acusado sistematicamente o presidente Nicolás Maduro de estar diretamente envolvido no narcotráfico, o que o governo venezuelano nega categoricamente. Além disso, o governo estadunidense oferece uma recompensa de US$ 50 milhões pela captura de Maduro. 

Por sua vez, o almirante Alvin Holsey, comandante das forças americanas na América do Sul e Central, anunciou sua aposentadoria antecipada após 37 anos de serviço, deixando seu cargo em 12 de dezembro, sem fornecer maiores explicações.

Denúncia de guerra psicológica

Em meio a esse turbilhão de tensões, Caracas tem expressado indignação com as operações da CIA, denunciando tentativas de desestabilização interna. Recentemente, a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, e seu irmão Jorge foram citados pelo jornal Miami Herald em uma alegada negociação com Washington para depor Maduro em troca de manter o poder.

Em resposta, Rodríguez repudiou as acusações. "Mais um meio de comunicação contribuindo para a guerra psicológica contra o povo venezuelano. Eles não têm ética nem moral e promovem exclusivamente mentiras e podridão", escreveu ela na rede social Telegram.

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