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      Cristina Kirchner denuncia corrupção no governo Milei e alerta para risco da desregulação na saúde

      Ex-presidenta da Argentina criticou escândalo de propinas

      Cristina Kirchner (Foto: Reuters/Tomas Cuesta)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – A ex-presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, reapareceu nesta quarta-feira (27) com fortes críticas ao governo de Javier Milei, em mensagem gravada para um encontro com trabalhadores da saúde realizado em Pilar, liderado pelo governador Axel Kicillof. As declarações foram publicadas pelo portal C5N e tiveram como alvo central o escândalo de corrupção que atingiu a Agência Nacional de Deficiência (Andis), envolvendo amigos e aliados próximos do presidente.

      Cristina denunciou os áudios que revelaram práticas de cobrança de propina por Diego Spagnuolo, ex-diretor da Andis e advogado próximo de Milei. Segundo ela, o caso escancarou como a corrupção alcançou diretamente o entorno presidencial.

       “Ouvimos todos os argentinos da boca do advogado e amigo pessoal de Milei, a quem ele nomeou diretor da Agência Nacional de Deficiência e depois demitiu quando estourou o escândalo. Ouvimos até o percentual que cobrava a irmã do Presidente”, afirmou.

      Cristina ironizou o fato de que, em novembro, havia questionado por que o governo não desregulava a importação de medicamentos genéricos para baratear preços. “Se serei idiota... Olha se eles vão querer baixar o preço dos medicamentos se cobravam propinas pelos percentuais dos medicamentos faturados para pessoas com deficiência”, disparou.

      A ex-presidenta também fez uma comparação com a Justiça argentina, lembrando a prisão de militantes por acusações frágeis em governos anteriores. “Eva Mieri esteve 13 dias presa em Ezeiza por ser acusada de jogar sujeira em uma calçada. O que aconteceu com a doutrina Irurzun? Agora os acusados são o Presidente, a irmã, seu advogado e os primos Menem. Todos em exercício do poder. Que Argentina, que justiça”.

      Críticas à crise sanitária e à desregulação

      Além do escândalo de corrupção, Cristina Kirchner voltou a denunciar os efeitos da política de ajuste e desregulação de Milei na saúde pública. Segundo ela, o desmonte dos programas sociais e a falta de medicamentos têm impacto direto na vida da população mais vulnerável.

      “Foi tal a velocidade e a profundidade do deterioro que parece uma eternidade. Ajuste aos que menos têm, com impacto de cheio na saúde das grandes maiorias”, destacou. Ela apontou como principais retrocessos a retirada de medicamentos gratuitos do PAMI, a suspensão da entrega de psicofármacos e vacinas, além do desfinanciamento de hospitais de referência.

      Cristina também relacionou a desregulação ao aumento das mortes por consumo de fentanil: “Ajustam e desregulam todo o setor de saúde e, em especial, a Anmat, provocando por falta de controle a morte de 96 pessoas até agora. Não tenham dúvidas: a desregulação também pode matar”.

      “Não se fazem responsáveis de nada”

      Em tom firme, a ex-presidenta acusou Milei e sua equipe de transferirem sempre a culpa a terceiros: “São muito caras de pau. Não se fazem responsáveis de nada. A culpa é sempre de outros, e claro, dos ‘kukas’”.

      Com suas declarações, Cristina Kirchner colocou no centro do debate não apenas o impacto social do ajuste, mas sobretudo o escândalo de corrupção que atinge diretamente a estrutura do governo Milei, evidenciando uma crise política que envolve familiares e aliados próximos do presidente argentino.

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