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Comandante militar dos EUA na América Latina se aposenta em meio a ameaças à Venezuela

Alvin Holsey deixa o cargo após divergências sobre operações militares e críticas internacionais às ações no Caribe

O almirante Alvin Holsey, comandante do Comando Sul dos EUA (Foto: REUTERS/Martin Cossarini)

247 - O almirante Alvin Holsey, comandante responsável pelas operações militares dos Estados Unidos na América Latina, anunciou sua aposentadoria em meio à crescente pressão sobre as ações dos EUA na Venezuela. A decisão foi confirmada nesta quinta-feira (16) pelo secretário de Guerra, Pete Hegseth. A aposentadoria de Holsey ocorre no contexto de intensas tensões políticas envolvendo a Venezuela e as críticas internacionais às estratégias militares adotadas por Washington, como os bombardeios a barcos suspeitos de transportar drogas no Caribe.

De acordo com o jornal The New York Times, a saída do almirante está relacionada a divergências internas sobre as operações militares dos EUA na região. Holsey expressou preocupações com os ataques a barcos no Caribe, que têm sido criticados por violar direitos internacionais, especialmente pela organização Human Rights Watch, que classificou os bombardeios como "execuções extrajudiciais ilegais". O tema foi abordado também no Conselho de Segurança da ONU. A imprensa americana qualificou a saída do almirante como “inesperada”, uma vez que era esperado que ele permanecesse no cargo por mais tempo, já que a prática comum entre militares dos EUA é de que os comandantes fiquem à frente do Comando Sul por pelo menos três anos.

Em uma rede social, o secretário Hegseth agradeceu a Holsey, destacando seu "legado de excelência operacional e visão estratégica", e confirmou que o almirante se aposentaria ao final deste ano. No entanto, fontes no Pentágono indicaram que, apesar dos elogios públicos, existiam tensões políticas reais entre os dois, especialmente no que se refere às operações na Venezuela. Desde setembro, os EUA realizaram ataques a pelo menos cinco embarcações que cruzavam águas internacionais na região do Caribe, resultando na morte de 27 pessoas. Embora o governo de Donald Trump alegue que os ataques fazem parte de uma operação contra o tráfico de drogas, fontes revelaram que o objetivo final seria enfraquecer o governo de Nicolás Maduro.

A presença militar dos EUA na região, incluindo oito navios e um submarino nuclear próximos à costa da Venezuela, tem gerado preocupação. Além disso, a Casa Branca enviou caças para Porto Rico, intensificando as operações no Caribe. A situação se complica ainda mais com informações sobre ações da CIA, que podem incluir “operações letais” contra o governo venezuelano. O presidente Donald Trump confirmou a autorização dessas operações, justificando-as como necessárias para combater o envio de drogas e criminosos pela Venezuela aos Estados Unidos. Questionado sobre a possibilidade de a CIA ter permissão para eliminar o presidente Maduro, Trump optou por não comentar diretamente.

Essas operações militares e de inteligência ocorrem enquanto o governo venezuelano prepara uma denúncia contra os Estados Unidos na ONU, após o reconhecimento público das ações da CIA, que visam desestabilizar ainda mais o regime de Maduro. As tensões continuam a escalar na região, enquanto o governo dos EUA reafirma seu compromisso com a "luta contra o narcotráfico" e a segurança nacional.

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