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Colômbia suspende cooperação de inteligência com os EUA após ataques no Caribe

Decisão de Gustavo Petro responde a operações militares norte-americanas que deixaram 75 mortos e violações de soberania denunciadas pela ONU

Presidente da Colômbia, Gustavo Petro 09/11/2025 (Foto: Luisa Gonzalez/Reuters)

247 – O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou nesta terça-feira (11) a suspensão imediata da cooperação de inteligência com as agências de segurança dos Estados Unidos, em resposta aos recentes ataques norte-americanos contra embarcações no mar do Caribe e no Pacífico Oriental. A informação foi divulgada pela emissora teleSUR.

Em sua conta oficial na plataforma X, Petro determinou que “se dá ordem a todos os níveis da inteligência da força pública suspender envio de comunicações e outros tratos com agências de segurança dos Estados Unidos”, medida que permanecerá em vigor enquanto persistirem os bombardeios ordenados pela administração do presidente Donald Trump.

“A luta contra as drogas deve respeitar os direitos humanos”

Ao justificar a decisão, Petro afirmou que “a luta contra as drogas deve subordinar-se aos direitos humanos do povo caribenho”. O presidente colombiano denunciou que as ações militares norte-americanas representam “violações à soberania e ao direito internacional”, reiterando a defesa da autonomia regional e do respeito à vida.

Segundo dados oficiais, pelo menos 75 pessoas foram mortas e 20 embarcações destruídas em decorrência das operações dos EUA nas águas caribenhas e pacíficas próximas à Venezuela. Especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) classificaram os ataques, realizados com mísseis contra pequenas embarcações, como “execuções sumárias” e violações do direito humanitário internacional. O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou publicamente as ações.

Londres também rompe colaboração

A decisão de Bogotá ocorre após o Reino Unido igualmente suspender o intercâmbio de informações de inteligência com Washington sobre as operações no Caribe. Segundo a CNN, autoridades britânicas deixaram de compartilhar dados para evitar envolvimento em ações consideradas ilegais, encerrando anos de cooperação com a Guarda Costeira dos EUA no rastreamento de embarcações suspeitas de tráfico de drogas.

O governo colombiano vem criticando de forma consistente a estratégia antidrogas norte-americana, que Petro considera ineficaz e violadora da soberania dos países latino-americanos. Em diversas ocasiões, o mandatário reafirmou que sua prioridade é o respeito aos direitos humanos e às normas internacionais, acima da cooperação militar em contextos que considera ilegítimos.

“América Latina e Caribe como Zona de Paz”

Desde agosto, os Estados Unidos mantêm no Caribe oito navios de guerra — incluindo seis destróieres, três embarcações anfíbias e um submarino —, em um dos maiores deslocamentos navais desde a Guerra do Golfo (1990-1991). Em 24 de outubro, o porta-aviões Gerald Ford e seu grupo de ataque foram enviados pelo Pentágono para reforçar a presença militar na área sob comando do Comando Sul.

Os governos de Venezuela, Colômbia e Cuba rejeitaram o aumento da presença militar norte-americana, denunciando que as operações sob pretexto de combate ao narcotráfico são, na verdade, ações de intimidação e pressão política contra países que mantêm posições soberanas ou divergentes dos interesses de Washington.

Esses governos reiteraram a necessidade de preservar a América Latina e o Caribe como “Zona de Paz”, princípio proclamado na II Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), realizada em Havana em 2014.

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