China condena sanções dos EUA à cooperação médica de Cuba e pede fim do bloqueio
Porta-voz da Chancelaria diz que acusação de “trabalho forçado” é pretexto hegemônico e cobra suspensão imediata das restrições e do bloqueio
247 - A China reiterou nesta sexta-feira (22) sua rejeição às sanções impostas pelos Estados Unidos contra a cooperação médica internacional de Cuba e exigiu o fim do bloqueio econômico à ilha. A informação foi divulgada pela Prensa Latina, que noticiou a manifestação do Ministério das Relações Exteriores da China em coletiva de imprensa em Pequim.
Segundo a agência, a porta-voz Mao Ning destacou que, ao longo de seis décadas, cerca de 600 mil profissionais de saúde cubanos atuaram em mais de 60 países — entre eles diversas nações do Caribe — levando atendimento a milhões de pacientes.
O posicionamento ocorre após novos anúncios de restrições de vistos por parte de Washington a funcionários e ex-funcionários ligados a programas de missões médicas de Cuba. De acordo com Mao, as brigadas cubanas já prestaram assistência a mais de 230 milhões de pessoas, realizaram mais de 17 milhões de cirurgias e salvaram a vida de mais de 12 milhões de pacientes. Ela afirmou que os programas têm papel relevante nos sistemas de saúde de países da América Latina, do Caribe e da África, e são “bem recebidos por governos e populações beneficiadas”.
Ao responder às acusações de Washington, a porta-voz declarou que “o chamado ‘trabalho forçado’ se tornou uma desculpa e uma ferramenta de hegemonia para pressionar outros países”. Ela acrescentou que tais medidas representam a continuidade e o aprofundamento do bloqueio imposto a Cuba há mais de seis décadas. “O lado chinês se opõe à diplomacia coercitiva”, afirmou, cobrando mudanças de postura do governo norte-americano. Mao também fez um apelo direto: “Instamos os Estados Unidos a pôr fim imediato às sanções e bloqueios contra Cuba, independentemente do pretexto, e a tomar medidas que promovam a melhoria das relações bilaterais e a estabilidade regional.”
A mensagem reforça o alinhamento de Pequim à defesa da cooperação internacional na área de saúde e ao direito de cada país estabelecer parcerias sem interferências externas. O pronunciamento chinês acontece no contexto de novas restrições de vistos anunciadas pelo Departamento de Estado dos EUA, que miram autoridades de países africanos, de Cuba e de Granada — além de ex-funcionários de organismos internacionais — por suposta participação em programas que explorariam profissionais cubanos.
A medida, segundo relatos da imprensa e comunicados oficiais, também alcançou ex-integrantes do programa Mais Médicos no Brasil. O governo dos Estados Unidos tem endurecido a pressão sobre países que mantêm cooperação com as missões médicas cubanas. Para Cuba e seus parceiros, as missões são uma ferramenta de diplomacia sanitária que amplia o acesso a serviços de saúde em regiões vulneráveis. Já Washington sustenta que os programas impõem condições abusivas a parte dos profissionais e beneficiam financeiramente o governo cubano — alegações rejeitadas por Havana e rebatidas por apoiadores da cooperação, que apontam o impacto social das brigadas em áreas remotas.
Ao final, a chancelaria chinesa reafirmou que continuará se opondo a sanções unilaterais e a qualquer forma de diplomacia coercitiva, defendendo a suspensão do embargo e a normalização das relações com Havana. O tema segue no centro do tabuleiro geopolítico regional, com implicações para a oferta de serviços de saúde em países que dependem do reforço de profissionais estrangeiros.