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      Cepal defende maior mobilização de recursos para enfrentar estagnação na América Latina

      Relatório da ONU alerta para baixo crescimento regional e propõe fortalecimento de bancos de desenvolvimento

      Reunião da Cepal (Foto: Cepal/Telesur)
      José Reinaldo avatar
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      247 - Em meio a um cenário internacional de crescentes incertezas, com tensões geopolíticas e políticas tarifárias adotadas pelos Estados Unidos, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) voltou a defender, nesta terça-feira (5), a mobilização de maiores recursos para financiar o desenvolvimento sustentável na região. As declarações foram feitas durante o lançamento de um novo relatório da entidade em Santiago, no Chile, conforme reportado pela agência Prensa Latina.

      O documento da agência da ONU projeta um crescimento modesto do Produto Interno Bruto (PIB) regional: 2,2% em 2025 e 2,3% em 2026. Segundo a Cepal, os dados confirmam uma tendência de estagnação que já dura mais de uma década. Diante disso, a entidade propõe um conjunto de estratégias para fortalecer o financiamento do desenvolvimento e responder aos desafios estruturais da América Latina e Caribe.

      Entre os principais eixos, o estudo destaca a necessidade de avançar na modernização dos sistemas tributários nacionais, combater a evasão fiscal — estimada em cerca de US$ 433 bilhões anuais — e ampliar os investimentos públicos e privados. A Cepal também defende a reforma da arquitetura financeira internacional, em consonância com o Compromisso de Sevilha, que propõe medidas para uma governança mais inclusiva, além de mecanismos eficazes de resolução da dívida soberana.

      Outro ponto relevante do relatório é o fortalecimento do papel dos bancos de desenvolvimento como agentes-chave na mobilização de recursos para projetos de infraestrutura e políticas sociais.

      Em entrevista à Prensa Latina, o secretário executivo da Cepal, José Manuel Salazar-Xirinachs, destacou a importância de iniciativas alternativas no sistema financeiro global. Questionado sobre o papel do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como o banco dos BRICS, ele afirmou que a instituição representa um avanço importante ao propor instrumentos inovadores, como sistemas de pagamento transfronteiriços em moedas locais.

      “Há também o projeto de desenvolvimento de uma infraestrutura de mensagens alternativa ao sistema global Swift, que poderá facilitar as transações financeiras entre os países membros, além da criação de mecanismos específicos para a negociação de commodities estratégicas”, explicou Salazar-Xirinachs.

      Apesar dessas inovações, o secretário executivo observou limitações. “A principal limitação é a centralidade do dólar como moeda dominante nas transações internacionais. Assim, o financiamento em moeda local, mesmo em projetos do banco dos BRICS, não ultrapassaria 30% do total”, explicou.

      Além do NDB, Salazar-Xirinachs mencionou o papel de outras instituições financeiras multilaterais que atuam na região, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Banco Centro-Americano e do Caribe de Desenvolvimento, o Fonplata e o Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF).

      Ele também destacou a importância do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Brasil, como uma das instituições que têm contribuído de forma decisiva para o dinamismo econômico do país. “Todas essas entidades estão sendo fortalecidas, não apenas em resposta à questão tarifária, mas como parte dos esforços dos países para criar opções alternativas”, afirmou.

      O relatório da Cepal também faz um balanço dos avanços — ou da ausência deles — em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030. De acordo com Salazar-Xirinachs, os números são preocupantes: “Se o ritmo atual se mantiver, apenas 23% dos ODS serão alcançados até 2030. Outros 41% estão caminhando na direção certa, mas com progresso muito lento. E 36% pouco avançaram ou até retrocederam.”

      A advertência da Cepal reforça a urgência de políticas públicas integradas e sustentáveis, além da cooperação regional e internacional, para que a América Latina possa enfrentar os impactos das mudanças no cenário global e garantir um desenvolvimento inclusivo e duradouro.

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