Centrais sindicais do Brasil repudiam ameaças de Trump contra a Venezuela
CUT, Força Sindical, UGT, CTB, CSB e Intersindical divulgaram nota conjunta em defesa da soberania venezuelana e contra ações militares norte-americanas
247 - As principais centrais sindicais brasileiras divulgaram nesta quinta-feira (16) uma nota conjunta manifestando “profunda preocupação com a escalada militar dos Estados Unidos contra a Venezuela” e defendendo uma reação unificada em defesa da paz e da soberania latino-americana.
O texto, intitulado “Defender a paz na Venezuela é proteger a América Latina”, é assinado pelos presidentes Sérgio Nobre (CUT), Miguel Torres (Força Sindical), Ricardo Patah (UGT), Adilson Araújo (CTB), Antonio Neto (CSB) e pela secretária-geral da Intersindical, Nilza Pereira de Almeida.
Na avaliação das entidades, as recentes ações militares e declarações do governo dos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, representam “uma perigosa escalada imperialista” e “violam flagrantemente o direito internacional”.
As centrais citam entre as medidas denunciadas o envio de bombardeiros B-52 para sobrevoar o território venezuelano, o posicionamento de oito navios de guerra na costa do país, a explosão de embarcações civis e a autorização pública para que a CIA realize operações encobertas em solo latino-americano.
Segundo a nota, essas ações configuram “manobras provocativas e ostensivas” e reproduzem “práticas usadas pelos EUA na promoção de golpes militares durante a Guerra Fria”.
“Como naquela época, o país busca recolonizar o que chama de ‘hemisfério ocidental’, reafirmando seu desejo de controle sobre a América Latina”, afirma o texto, que classifica a postura de Washington como “arrogante e inaceitável”.
As lideranças sindicais também acusam o governo norte-americano de utilizar o discurso da “defesa da democracia” para mascarar interesses econômicos e políticos.
“Por trás desse discurso está a tentativa de restaurar o poder das elites venezuelanas ligadas a Washington — grupos que historicamente empobreceram o povo e tentam reverter os avanços sociais conquistados em mais de duas décadas de Revolução Bolivariana”, diz a nota.
O documento alerta que o cerco militar à Venezuela representa “uma ameaça intervencionista de consequências imprevisíveis” e pode “arrastar toda a região a um novo ciclo de guerras e instabilidade”.
Nesse contexto, as centrais defendem uma mobilização regional e pedem uma posição ativa dos governos latino-americanos, especialmente o do Brasil, para conter o que chamam de “escalada imperialista”.
“É hora de erguer a voz em defesa da soberania, do diálogo e da autodeterminação dos povos”, conclui o comunicado, reforçando o apelo por paz, integração e solidariedade entre as nações da América Latina.
A divulgação da nota ocorre um dia após o presidente Donald Trump ter admitido publicamente que autorizou a CIA a conduzir operações destinadas a desestabilizar o governo de Nicolás Maduro.


