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BC da Colômbia mantém juros em 9,25% após surpresa inflacionária

Decisão ocorre em meio a alerta do FMI sobre déficit fiscal e pressões do governo Petro para reduzir custos de crédito

O logotipo do Banco Central da Colômbia é visto dentro de suas instalações durante uma coletiva de imprensa no Banco Central da Colômbia em Bogotá, Colômbia, em 31 de janeiro de 2025. (Foto: REUTERS/Luisa Gonzalez)

247 - O Banco Central da Colômbia decidiu nesta terça-feira (30) manter a taxa básica de juros em 9,25%, contrariando pressões internas por uma redução para estimular a economia, após a inflação surpreender em agosto. A decisão foi antecipada por 31 dos 32 economistas consultados pela Bloomberg, que publicou a informação.

Segundo a agência, quatro dos sete integrantes do conselho votaram pela manutenção da taxa, enquanto dois defenderam um corte de 0,5 ponto percentual e um sugeriu redução de 0,25 ponto. O presidente do banco, Leonardo Villar, afirmou que a escolha reflete cautela diante das incertezas sobre a convergência da inflação à meta. “A decisão tomada pela maioria dos membros do conselho mantém uma postura de política monetária prudente, que reconhece os riscos associados à convergência da inflação para o alvo”, declarou Villar em entrevista coletiva em Bogotá.

Pressão política e alerta do FMI

O presidente Gustavo Petro, que tem insistido em cortes mais agressivos para estimular o crescimento, chegou a acusar a autoridade monetária de “sabotagem econômica” em ocasiões anteriores. Desde o início de 2025, o banco promoveu apenas um corte nos juros, já que as expectativas de inflação permanecem acima do centro da meta de 3%, com tolerância de um ponto percentual para mais ou para menos.

Na segunda-feira (29), o Fundo Monetário Internacional divulgou relatório alertando que a posição fiscal da Colômbia “se enfraqueceu consideravelmente” e defendeu a necessidade de manter política monetária apertada para conter pressões inflacionárias persistentes.

Inflação resistente e cenário internacional

A inflação anual acelerou inesperadamente em agosto, alcançando 5,1%, nível semelhante ao registrado no início do ano. Segundo projeções do próprio Banco Central, a meta de 3% será descumprida pelo quinto ano consecutivo em 2025.

O quadro econômico é ainda mais complexo devido à deterioração nas relações diplomáticas com os Estados Unidos, maior parceiro comercial colombiano. Na semana passada, o Departamento de Estado revogou o visto de Petro, e, em resposta, o presidente anunciou que pretende renegociar o tratado de livre comércio com Washington.

Perspectivas para os próximos meses

Dados recentes mostram vendas no varejo, produção industrial e atividade econômica acima do esperado. Para o Banco de Bogotá, a autoridade monetária só deve retomar o ciclo de cortes quando a inflação e as expectativas estiverem claramente em trajetória de queda, acompanhadas de melhora fiscal e sinais mais evidentes de desaceleração econômica. Analistas chefiados por Camilo Perez projetam manutenção dos juros até pelo menos meados de 2026.

O cenário colombiano acompanha a tendência da região: neste mês, Brasil e Chile também mantiveram suas taxas, enquanto México e Peru optaram por cortes nos juros.

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