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Ministros da Colômbia renunciam a vistos dos EUA em apoio a Petro

Decisão foi resposta à revogação do visto de Gustavo Petro após protesto pró-Palestina em Nova York

Gustavo Petro participa de protesto ao lado de Roger Waters (Foto: Reuters)

247 - O governo colombiano enfrenta uma nova tensão diplomática com Washington após a revogação do visto do presidente Gustavo Petro pelos Estados Unidos. Como reação, integrantes do alto escalão anunciaram a renúncia a seus próprios vistos, em gesto de solidariedade e protesto.

De acordo com a Bloomberg, o ministro das Relações Exteriores, Rosa Yolanda Villavicencio, classificou sua decisão como um “ato de dignidade”. Já o ministro da Fazenda, Germán Ávila, afirmou abrir mão de seu documento em “solidariedade” a Petro. O ministro do Interior, Armando Benedetti, conclamou todo o gabinete e demais autoridades comprometidas com o presidente a seguirem o mesmo caminho.

Efeito dominó no governo colombiano

A crise se intensificou após o ministro de Minas e Energia, Edwin Palma, compartilhar no X (antigo Twitter) um e-mail da embaixada norte-americana informando o cancelamento de seus vistos oficiais e de turista. Questionada, a representação diplomática em Bogotá recusou-se a confirmar se outros membros do governo também foram afetados, alegando regras de confidencialidade.

A decisão de Washington foi anunciada após Petro participar de uma manifestação pró-Palestina em Nova York, nos bastidores da Assembleia Geral da ONU. Na ocasião, o presidente colombiano pediu que militares dos EUA desobedecessem ordens do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O Departamento de Estado classificou o comportamento como “temerário e incendiário”.

Impacto político e econômico

Sem o visto, Petro, Villavicencio e Ávila ficam impedidos de viajar ao maior parceiro comercial e principal fornecedor de ajuda militar à Colômbia. O gesto complica ainda mais a relação bilateral, já abalada pelas críticas recorrentes de Petro a Trump.

Sergio Guzmán, diretor da consultoria Colombia Risk Analysis, avaliou a medida como prejudicial ao país: “É muito preocupante que esses ministros estejam renunciando ao direito de viajar ao país com o qual a Colômbia mantém os laços mais profundos em termos comerciais, militares e políticos no hemisfério”. Ele alertou que o movimento “parece um tiro no pé em um momento que exige prudência, esforços diplomáticos e cabeças frias para defender os interesses do país”.

Repercussões regionais

O episódio deve entrar na pauta de conversas entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que têm encontro previsto ainda nesta semana. No domingo, Petro ampliou o tom político de sua reação, dizendo que a decisão dos EUA não era apenas contra sua pessoa, mas “contra as Nações Unidas e contra a luta pela vida da humanidade”.

A crise lembra outro episódio histórico: na década de 1990, o então presidente Ernesto Samper também teve seu visto revogado, após acusações de financiamento de campanha com recursos do narcotráfico. O mandato de Gustavo Petro termina em agosto de 2026.

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