Axel Kicillof promete "mais trabalho e militância" após vitória eleitoral de Milei
Principal opositor do presidente argentino criticou acordo com Donald Trump: “a pátria não se vende”
247 - O governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, reconheceu na noite deste domingo a derrota eleitoral de sua coligação, Fuerza Patria, nas eleições provinciais. Em um discurso emocionado diante de apoiadores reunidos em La Plata, Kicillof defendeu o papel do peronismo como força de oposição ao governo nacional e chamou a militância à resistência e à organização.
A informação foi divulgada originalmente pela C5N, que acompanhou a fala do governador logo após a apuração dos votos. “Nem medo, nem tristeza, nem resignação: mais trabalho, mais militância, mais organização e mais força”, declarou Kicillof, em tom de encorajamento.
Margem estreita e fortalecimento parlamentar
Apesar da derrota, o governador destacou o desempenho expressivo do seu espaço político nas urnas e o crescimento da representação no Congresso. “Tivemos resultados muito ajustados, com uma mínima diferença de 0,5%, mas que nos permitiu ampliar de 15 para 16 deputados”, afirmou.
Com 41,53% dos votos, a La Libertad Avanza superou por pequena margem a Fuerza Patria, que obteve 40,83%. Em terceiro lugar ficou o Frente de Izquierda y de Trabajadores, com 5,03%. Com esses números, o partido governista assegurou 17 cadeiras parlamentares, contra 16 da coligação peronista e duas da esquerda.
Críticas a Javier Milei e ao modelo econômico
Durante o discurso, Kicillof fez duras críticas ao presidente Javier Milei, a quem acusou de promover um modelo econômico que “gera enorme sofrimento, perda de empregos e fechamento de empresas todos os dias”. Segundo ele, o resultado eleitoral demonstra que “se engana Milei se festeja este resultado, quando seis em cada dez argentinos rejeitam o modelo que propõe”.
O governador também mencionou o pedido de ajuda financeira do governo argentino ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a fundos internacionais. “Vimos que, após 7 de setembro, o governo foi aos Estados Unidos pedir auxílio ao presidente Trump e aos fundos de investimento. Não são sociedades de caridade — vieram para lucrar e colocar em risco nossos recursos”, alertou.
“A pátria não se vende”
Kicillof reforçou que a responsabilidade agora é maior para o governo nacional e questionou se haverá melhora real na vida da população. “Milei, a partir de hoje, tem ainda mais responsabilidade. Vamos ver se, a partir de amanhã, melhora a situação dos que trabalham, dos que empreendem e dos que enfrentam dificuldades todos os dias”, afirmou.
Encerrando seu discurso, o governador apelou à unidade e à mobilização do peronismo: “Temos o mandato popular de cuidar dos que sofrem, das vítimas de um modelo que ataca aposentados, a ciência, a universidade, a educação e a saúde pública. A pátria não se vende, porque o futuro não é de Milei, é do povo”.
Derrota na capital e mensagem de resistência
Na Cidade de Buenos Aires, o candidato a senador Mariano Recalde também reconheceu a derrota de Fuerza Patria, após a vitória de La Libertad Avanza, que conquistou 47,42% dos votos contra 26,90% da força peronista.
“Vamos colocar um freio em Milei no Congresso. Nossos eleitores confiaram em Fuerza Patria, e estamos aqui para reafirmar esse compromisso”, declarou Recalde, destacando que a luta política continuará “no Congresso, nas ruas e nas urnas”.
Com um discurso voltado à militância, o senador eleito encerrou sua fala com uma mensagem de otimismo: “A única luta que se perde é a que se abandona. Aqui ninguém desiste, ninguém afrouxa. Vamos seguir militando por uma pátria livre, justa e soberana”.


