Argentina busca reaproximação e tenta viabilizar encontro entre Milei e Lula
Interlocutores de Buenos Aires propõem reunião bilateral durante a cúpula do Mercosul, mas governo brasileiro mantém ceticismo
247 - Uma proposta considerada improvável está sendo articulada por setores do governo argentino: promover um encontro bilateral entre o presidente de extrema direita Javier Milei e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o jornal O Globo, uma fonte próxima à diplomacia argentina teria revelado que a sugestão é que os dois mandatários se encontrem à margem da cúpula do Mercosul, marcada para o dia 3 de julho, na Argentina. O argumento central da proposta é que os interesses bilaterais entre Brasil e Argentina devem se sobrepor às divergências ideológicas que marcam a relação entre os dois líderes.
Até hoje, Lula e Milei tiveram poucos contatos diretos e sempre em moldes estritamente protocolares. A relação entre os presidentes é fria — especialmente devido às reiteradas declarações hostis de Milei. O atual chefe de Estado argentino é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro e já se referiu a Lula com termos ofensivos, chamando-o de “corrupto”, “ladrão” e “comunista”.
De acordo com a reportagem, nem o Palácio do Planalto nem o Itamaraty receberam até o momento qualquer solicitação formal do governo argentino para agendar a reunião bilateral. Autoridades brasileiras ouvidas pela reportagem demonstraram descrença diante da possibilidade de um gesto desse tipo partir de Milei. Ainda assim, não descartam a hipótese de que um eventual pedido possa ser aceito, desde que haja um gesto de retratação pelas ofensas dirigidas a Lula.
Apesar do clima de distanciamento político entre os dois governos, os canais diplomáticos seguem ativos. Uma das engrenagens que sustentam o diálogo é o Mecanismo de Coordenação Política (MCP), que garante reuniões regulares entre representantes dos dois países. A avaliação entre interlocutores de Brasília e Buenos Aires é que os laços entre Brasil e Argentina transcendem os humores momentâneos da política.
O relacionamento é sustentado por uma intensa troca comercial, investimentos cruzados, integração em infraestrutura, cooperação nas regiões de fronteira e no turismo, além de parcerias estratégicas em áreas como defesa, segurança, energia e tecnologia.
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