Trump anuncia encontro com Xi para debater soja – o que pode afetar o Brasil
China prioriza importações do Brasil e amplia pressão sobre agricultores americanos
247 – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (1º) que se reunirá com o líder chinês, Xi Jinping, dentro de quatro semanas, durante a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC). Segundo informações do jornal Valor Econômico (link original), a soja será um dos principais temas da pauta bilateral, em um cenário em que a China tem dado preferência à soja exportada pelo Brasil.
Em publicação no Truth Social, Trump afirmou que os agricultores americanos estão sendo prejudicados pela China, que teria suspendido a compra do grão. “Ganhamos tanto dinheiro com tarifas que vamos pegar uma pequena parte desse dinheiro e ajudar nossos produtores”, escreveu o presidente, reforçando que pretende ampliar o apoio financeiro aos agricultores.
Pressão do setor agrícola e cenário político
Trump enfrenta forte pressão de parlamentares do chamado “cinturão agrícola” para encontrar uma solução rápida. A região, responsável por grande parte da produção de soja, votou majoritariamente no republicano nas eleições de 2024, mas agora sofre os efeitos da disputa comercial e da preferência chinesa pelo produto brasileiro.
Nos últimos anos, a China se tornou um dos maiores importadores de soja americana, especialmente para alimentar sua crescente demanda por carne suína e aves. O grão é hoje o principal produto agrícola exportado pelos EUA, com metade da safra destinada ao mercado externo.
Dados do Departamento de Agricultura mostram, no entanto, que até 18 de setembro a China não havia reservado nenhuma carga de soja americana — algo inédito desde 1999. No ano passado, os EUA responderam por um quinto das importações chinesas, no valor de mais de US$ 12 bilhões, mas vêm perdendo espaço para o Brasil, que se consolidou como principal fornecedor.
Trégua comercial prestes a expirar
O encontro entre Trump e Xi acontece em um momento sensível: a atual trégua comercial entre as duas potências expira em novembro. Durante esse período, Washington e Pequim reduziram tarifas retaliatórias e outros controles de exportação.
Ainda assim, a sinalização de Pequim tem sido negativa. Senadores republicanos relataram frustração após reunião com o embaixador dos EUA na China, David Perdue, indicando que Pequim não pretende retomar as compras tão cedo, mantendo o Brasil como prioridade no fornecimento.
Apoio emergencial aos agricultores
Para tentar conter o desgaste político e social, Trump anunciou no dia 25 um programa emergencial de apoio aos agricultores, citando as dificuldades com a queda nas vendas externas e o aumento dos custos de insumos. “Vamos ajudar nossos produtores”, disse o presidente, destacando que os recursos viriam da arrecadação com tarifas sobre produtos chineses.
Impacto eleitoral
As dificuldades econômicas enfrentadas pelas comunidades agrícolas criam um desafio político para Trump e seus aliados republicanos. A insatisfação no setor pode enfraquecer a base eleitoral do presidente nas eleições legislativas de meio de mandato, marcadas para 2026.