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Exportação de café verde do Brasil recua 18% com pressão de taxas dos EUA, diz levantamento

De acordo com o Cecafé, os norte-americanos decidiram no mês passado reduzir em 52,8% as importações dos cafés do Brasil ante setembro de 2024

Café (Foto: Mohammad Khursheed / Reuters)

SÃO PAULO (Reuters) - As exportações de café verde do Brasil somaram 3,45 milhões de sacas de 60 kg em setembro, queda de 18,3% em relação ao mesmo período do ano passado, com as tarifas dos Estados Unidos ao produto brasileiro limitando os embarques, apontou nesta quinta-feira o Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé).

A comparação com forte base comparativa do ano passado, quando o Brasil exportou volumes recordes, também ajuda a explicar a queda nos embarques. O país exportou no mês passado, por exemplo, mais do que o visto no mesmo período de 2023, 2022 e 2021, conforme tabela divulgada pelo Cecafé.

Os embarques de café arábica recuaram 10,1% ante setembro de 2024, para 2,97 milhões de sacas, enquanto as exportações de grãos canéforas (robusta e conilon) somaram 489,7 mil sacas, redução de 47,4% na mesma comparação.

"O desempenho em setembro, na safra e no acumulado do ano, era esperado após termos exportado volume recorde de café em 2024 e vermos a disponibilidade do produto diminuir, com menores estoques nos armazéns e safra novamente afetada por adversidades climáticas", disse o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, em nota.

Mas ele ressaltou que "o declínio foi potencializado pelo tarifaço de 50% imposto pelo presidente americano, Donald Trump, sobre os cafés do Brasil, que impactou fortemente os embarques aos EUA, que são o maior consumidor mundial e (tradicionalmente) o principal importador do produto brasileiro".

No mês passado, o segundo com a vigência das taxas dos EUA, os norte-americanos reduziram em 52,8% as importações dos cafés do Brasil ante setembro de 2024, adquirindo 332.831 sacas.

Com isso, os EUA desceram ao terceiro posto no ranking mensal de importadores --em agosto já havia perdido a liderança. A líder foi a Alemanha (654.638 sacas) e a segunda colocada a Itália (334.654 sacas), mas ambos também registraram quedas nas compras, de 16,9% e 23%, respectivamente.

Ferreira reforçou que não é possível renunciar ao mercado dos EUA, que permanecem na liderança das exportações dos cafés do Brasil no acumulado do ano, e pediu negociação.

"O Poder Executivo precisa se mobilizar com urgência em prol do país. Não existe mais o receio de não haver abertura ao diálogo diplomático...", disse Ferreira, lembrando dos recentes contatos entre os presidentes Lula e Trump.

Considerando a exportação do produto industrializado, o Brasil exportou 3,750 milhões de sacas de 60kg, queda de 18,4% ante o mesmo mês de 2024.

Em receita cambial, o desempenho é inverso, com o país recebendo em setembro 11,1% a mais do que no mesmo intervalo comparativo, para US$1,369 bilhão, diante de preços médios 36,2% mais altos do produto.

(Por Roberto Samora)

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