247 - Durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, realizada nesta terça-feira (5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um duro pronunciamento em defesa da soberania nacional e contra interferências externas que, segundo ele, visam enfraquecer a economia e as instituições brasileiras. A fala foi divulgada pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República.
Lula classificou como um “marco lastimável” o episódio ocorrido em 30 de julho de 2025, que teria envolvido a articulação de setores ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ao atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Não há precedente nos mais de 200 anos de relações bilaterais de uma ação arbitrária como essa que sofremos”, afirmou.
Interferência externa e “traição à pátria” - O presidente denunciou tentativas de ingerência direta do governo norte-americano em assuntos internos do Brasil, com o apoio explícito de bolsonaristas radicados nos Estados Unidos. “Essa interferência em temas internos contou com o auxílio de verdadeiros traidores da pátria, que arquitetaram e defenderam publicamente ações contra o Brasil lá nos Estados Unidos”, disse.
Lula também apontou que o ataque envolve interesses econômicos que querem sabotar iniciativas brasileiras de sucesso, como o sistema PIX. “Qual é a preocupação deles? Que se o PIX tomar conta do mundo, os cartões de crédito irão desaparecer. É isso que está por trás dessa loucura contra o Brasil”, criticou.
Tarifas, comércio e manipulação política - No discurso, Lula rechaçou a justificativa de medidas unilaterais impostas contra o Brasil, argumentando que os Estados Unidos têm obtido resultados comerciais favoráveis nas relações bilaterais. “O superávit dos Estados Unidos é robusto. Foram US$ 410 bilhões ao longo dos últimos 15 anos. 74% das importações originárias dos Estados Unidos entram no Brasil sem pagar imposto”, lembrou.
Além disso, o presidente afirmou que oito dos dez principais produtos importados pelos brasileiros têm tarifa zero — incluindo itens como petróleo, aeronaves, gás natural e carvão — e que a alíquota média efetiva sobre produtos norte-americanos é de apenas 2,7%.
Para Lula, as alegações utilizadas por Washington para justificar a retaliação econômica são “descabidas”, especialmente no que diz respeito ao funcionamento do PIX, à regulação das plataformas digitais e à política ambiental brasileira. “O PIX é um patrimônio nacional e referência internacional de infraestrutura pública digital”, declarou.
Defesa do ambiente e da infância - Lula também abordou temas sensíveis da agenda global, como o combate à desinformação e a proteção ambiental. “No Brasil, a liberdade de expressão não é carta branca para a criminalidade. Sejam nacionais ou estrangeiras, todas as empresas precisam respeitar a lei brasileira”, afirmou, destacando a responsabilidade do Estado na proteção de crianças contra crimes digitais, fraudes e pornografia.
Em relação ao meio ambiente, o presidente reiterou os avanços de sua gestão. “Nos primeiros dois anos de mandato, reduzimos pela metade o desmatamento na Amazônia e em 32% em todo o país. Estamos comprometidos a zerar o desmatamento até 2030.”
Soberania como valor inegociável - Encerrando sua fala, Lula reforçou que a defesa da soberania nacional é um princípio que transcende divisões partidárias. “Proteger a nossa soberania é um objetivo que está acima de todos os partidos e de todas as tendências. O governo não transigirá e não vacilará em seu dever de preservá-la.”
A expectativa do governo é de que o tema ganhe repercussão internacional, especialmente em meio à preparação do Brasil para sediar a COP30 em Belém, evento que Lula classificou como “etapa fundamental no enfrentamento às mudanças do clima”.

Guilherme Levorato

Lula durante reunião do  Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS)

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Brasil

Lula: "nossa democracia está sendo questionada, nossa soberania atacada e nossa economia agredida"

247 - Durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS), realizada nesta terça-feira (5), o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, fez um duro pronunciamento contra as barreiras tarifárias que os Estados Unidos pretendem impor ao Brasil. A fala foi publicada originalmente pelo portal da Fiesp.
Segundo Josué, o país está prestes a ser atingido por um "tarifaço" que ameaça diversos setores da economia brasileira. "Estamos às vésperas da entrada em vigor de um tarifaço contra o Brasil. O que fazer diante da agressão injusta de uma potência que aprendemos a admirar e que inspirou a construção de muitas de nossas instituições?", questionou o dirigente, referindo-se aos Estados Unidos.
O presidente da Fiesp ressaltou que a tradição diplomática do Brasil não pode ser confundida com servilismo: "Para nós, o conceito de Brasil é inseparável da diplomacia, da paz, do entendimento, da harmonia com vizinhos e com o mundo. Mas diplomacia não significa submissão".
Josué defendeu uma postura prudente e aberta ao diálogo, mas com firmeza na defesa dos interesses nacionais. "Negociemos com prudência, humildade, mas com altivez e firmeza. A abertura para negociação sempre fez parte do caráter nacional, mas não devemos, na mesa de negociação, nos esquecermos de que princípios só têm valor se nos apegamos a eles mesmo quando não são convenientes."
Apesar de reconhecer os impactos que as tarifas podem causar à economia nacional, o dirigente também destacou a necessidade de agir para mitigar os prejuízos: "Se é verdade que o impacto para a economia brasileira pode ser importante, enorme para algumas empresas e setores, também é verdade que podemos dar apoio a empresas e trabalhadores ameaçados".
Para o presidente da Fiesp, a resposta mais estratégica ao desafio geopolítico é fortalecer a economia brasileira a partir de um projeto de desenvolvimento nacional. "A tarefa ainda mais fundamental — e acho que não existe fórum mais apropriado que o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável — é tornar a nossa economia mais forte e independente, o que é responsabilidade de toda a sociedade brasileira", declarou.
Nesse sentido, ele defendeu a construção de um ambiente de negócios robusto, com harmonia entre as políticas fiscal e monetária, estímulo à produtividade, investimentos prioritários em educação e inovação, além de uma reforma tributária justa e segurança jurídica. "Fazer isso em torno de uma união nacional, em torno de uma agenda que reforce o ambiente de negócios do país, com harmonia entre as políticas monetária e fiscal, permitindo que o custo de capital seja compatível e estimule o investimento produtivo."
Josué enfatizou que a valorização da educação em todas as etapas da vida deve ser central nesse projeto. "Ambiente que propicie investimentos prioritários na educação de nossas crianças, de nossos jovens e de nossos adultos, promovendo assim a libertação da força criativa e laboriosa de nosso povo."
Por fim, o presidente da Fiesp enviou um recado direto às empresas estrangeiras, em especial às norte-americanas: "Falo de um projeto que incentive a todos a investirem aqui cada vez mais, inclusive as empresas americanas que sempre foram e serão bem-vindas ao Brasil".

Paulo Emilio

Economia

Josué Gomes critica tarifaço contra o Brasil: "diplomacia não é submissão"

247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa nesta terça-feira (5) de mais uma reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS), conhecido como “Conselhão”. Segundo o <a href="https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/08/05/com-participacao-de-lula-reuniao-do-conselhao-deve-reforcar-soberania-nacional-diante-do-tarifaco-de-trump.ghtml">g1</a>, o encontro deve ser marcado por manifestações em defesa da soberania do Brasil, apelos à unidade nacional e críticas à política tarifária adotada pelos Estados Unidos, determinada pelo presidente Donald Trump.
Criado por Lula em 2003, o colegiado foi extinto durante o governo Jair Bolsonaro (PL) e reativado em 2023. Desde então, esta é a quinta reunião realizada sob o novo ciclo. O objetivo do Conselhão é reunir representantes dos mais diversos setores da sociedade civil para formular, debater e apresentar propostas de políticas públicas ao Executivo federal. O encontro desta terça será realizado no Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.
A abertura do evento será conduzida pela ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), seguida pelo vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (PSB). Lula será o último a discursar na abertura, ainda pela manhã.
Participam da reunião conselheiros ligados a setores estratégicos da economia, como agronegócio, indústria, tecnologia e finanças. Ainda de acordo com a reportagem, estão confirmadas presenças de representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Embraer, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e Federação Brasileira de Bancos (Febraban), além de empresas como Google, TikTok e Samsung.
O governo também prevê falas de conselheiros durante a plenária, além da apresentação de resultados obtidos pelos grupos de trabalho do conselho. Decretos, sanções e acordos de cooperação elaborados com base nas propostas do colegiado devem ser assinados ao longo da reunião.
A atual composição do Conselhão inclui 286 membros: 155 foram reconduzidos por Lula e 131 são novas nomeações. A diversidade de perfis e áreas de atuação é uma marca do colegiado, que também conta com artistas, influenciadores digitais, empresários e representantes de movimentos sociais. Entre os nomes de maior destaque estão a atriz Dira Paes, o ex-jogador de futebol Raí e o influenciador digital Felipe Neto.
Também integram o conselho representantes de movimentos negros, empresários da economia verde, profissionais da educação e lideranças do setor financeiro. A iniciativa busca aproximar o governo federal da sociedade civil organizada e fomentar políticas mais conectadas com a realidade da população brasileira.
Vinculado à Secretaria de Relações Institucionais (SRI), o Conselhão é uma aposta do governo Lula para a construção coletiva de soluções nacionais, especialmente em um contexto global de disputas comerciais e instabilidade geopolítica.

Lula participa de reunião do Conselhão com críticas aos EUA e defesa da soberania nacional

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