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      "Sua vinda significa a volta do Brasil à África", diz Lula ao presidente da Nigéria

      Presidente Lula cita dívida histórica com a África: “o Brasil tem obrigação de ajudar o continente africano a ter o mesmo desenvolvimento que tivemos”

      Bola Tinubu e Lula (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - Em declaração à imprensa nesta segunda-feira (25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a visita oficial do presidente da Nigéria, Bola Tinubu, marca a retomada da presença brasileira no continente africano. Segundo o pronunciamento, realizado durante encontro bilateral em Brasília, Lula defendeu a reaproximação estratégica entre os dois países, ancorada em comércio, investimentos e cooperação multissetorial.

      Nos primeiros minutos do discurso, Lula vinculou a nova fase das relações à necessidade de aprofundar o diálogo político e o multilateralismo. O presidente destacou que “a Nigéria foi nosso maior parceiro comercial na África, mas na última década o intercâmbio diminuiu drasticamente. De US$ 10 bilhões em 2014, passamos a US$ 2 bilhões em 2024”, pontuando que “nos últimos governos o Brasil se distanciou da África” e que “duas das maiores economias da América Latina e da África devem ter um intercâmbio muito maior”.

      O chefe do Executivo enumerou frentes já em andamento e novos instrumentos de cooperação firmados recentemente. “Nos últimos meses, nossas equipes mantiveram contatos. Nesse período assinamos vários acordos sobre defesa, agricultura, pecuária, segurança, produção audiovisual, comércio, investimentos, turismo e energia. Hoje estamos firmando mais cinco acordos, nas áreas cultural, de serviços aéreos, de tecnologia e de diálogo político”, disse.

      Lula também enquadrou a parceria Brasil–Nigéria como resposta a tendências globais de fechamento de mercados e ações unilaterais. “Nesse momento em que ressurgem o protecionismo e o unilateralismo, Nigéria e Brasil reafirmam sua aposta no livre comércio e na integração produtiva. Seguimos empenhados na construção de um mundo de paz e livres de imposições hegemônicas. São muitas as possibilidade de sinergia entre os dois países”, afirmou.

      Ao comentar o papel de Abuja na governança global, Lula sublinhou o peso demográfico e a influência política nigeriana. “Com seus 230 milhões de habitantes e seu imenso e rico território, a Nigéria é um parceiro dos BRICS e um importante ator nos debates sobre as reformas das instituições de governança global. A Nigéria possui todas as credenciais para se tornar membro pleno do G20”, declarou. O presidente reiterou a defesa brasileira por reformas no sistema multilateral: “Nossas regiões precisam estar adequadamente representadas em um Conselho de Segurança da ONU reformado. Reafirmamos nosso compromisso com o multilateralismo, com a OMC”.

      Em tom histórico e cultural, Lula retomou o vínculo do Brasil com a África, evocando a escravidão e a contribuição africana para a formação nacional. “O Brasil tem uma preocupação muito peculiar e particular com nossa relação com todo o continente africano”, disse, defendendo prioridade para transferência de tecnologia e políticas agrícolas. Em sua fala, sintetizou o compromisso: “o Brasil tem obrigação de ajudar o continente africano a ter o mesmo desenvolvimento que tivemos aqui”.

      Ao final, Lula afirmou que a presença de Tinubu simboliza o retorno do Brasil à África em bases igualitárias: “pode estar certo de que essa sua vinda ao Brasil hoje significa definitivamente a volta do Brasil ao continente africano — não como país que quer ter relação hegemônica com ninguém, mas que quer ter uma relação solidária, fraterna, igualitária, pensando no crescimento do povo africano e no crescimento do povo brasileiro”. Segundo o presidente, a agenda bilateral recoloca os dois países em rota de maior integração econômica, política e cultural.

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