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Juventude dos BRICS lança documento estratégico e defende protagonismo na transição energética

Na cúpula em Brasília, jovens destacam justiça climática e papel estratégico dos territórios do Sul Global nas políticas energéticas

A 7ª Cúpula da Juventude da Energia dos BRICS, realizada em Brasília - 06/2025 (Foto: BRICS-YEA)
Luis Mauro Filho avatar
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247 - A 7ª Cúpula da Juventude da Energia dos BRICS, realizada sob a presidência brasileira do bloco, evidenciou a crescente influência da juventude na formulação de políticas energéticas globais. O encontro, que reuniu delegações de mais de dez países, contou com a presença de representantes governamentais, jovens profissionais, pesquisadores e líderes comunitários, e colocou em destaque a centralidade do Sul Global na agenda da transição energética.

A reportagem é da assessoria da BRICS-YEA, e detalha que o evento marcou o lançamento preliminar do BRICS Youth Energy Outlook 2025. Inicialmente concebido como um projeto acadêmico, o documento se consolidou como uma ferramenta estratégica utilizada por ministérios da energia e instâncias de formulação de políticas públicas dos países-membros. “O Outlook não é mais apenas acadêmico”, afirmou Alexander Kormishin, presidente da Agência de Juventude da Energia dos BRICS. “Ele inclui análises sobre tecnologias nucleares, combustíveis verdes, acesso à energia, entre outros temas. E será apresentado oficialmente na COP30, em Belém.”

Kormishin destacou ainda iniciativas conduzidas por jovens brasileiros, com ênfase em experiências nas regiões amazônica e no Paraná, como modelos de impacto local e inovação em energia limpa.

Inovação, integração e energia sustentável

Durante a cúpula, o diretor financeiro executivo da Itaipu Binacional, André Pepitone da Nóbrega, ressaltou a trajetória da empresa como referência em inovação e cooperação internacional. “A Itaipu é um modelo de cooperação binacional entre Brasil e Paraguai. Por meio do Itaipu Park Tech, estamos avançando com projetos solares, biogás, combustíveis sustentáveis de aviação (SAF), certificados de energia renovável e pesquisas com hidrogênio verde”, disse. Ele destacou ainda a instalação de uma usina solar flutuante de 1 MW no reservatório da hidrelétrica e o uso de eletrólisadores próprios para a produção de hidrogênio verde. A empresa também mantém parcerias com instituições como a UNILA, contribuindo para a formação de jovens latino-americanos em áreas técnicas e ambientais.

Justiça climática e inclusão de territórios

Um dos principais eixos do debate foi o compromisso com a justiça climática e a inclusão de jovens de comunidades historicamente marginalizadas na formulação de políticas públicas. “Quando falamos em transição energética, precisamos falar de direitos humanos e justiça ambiental”, defendeu Sheila de Carvalho, secretária de Acesso à Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ela destacou a importância de incluir povos indígenas, quilombolas e comunidades ribeirinhas no processo de transformação energética.

Sheila citou o programa Jovens Defensores Populares, voltado à formação de lideranças juvenis em advocacy jurídico e mediação de conflitos socioambientais, com forte presença na Amazônia.

Territórios e saberes como base da transição

Nomeada Youth Climate Champion da COP30, Marcela Oliveira reforçou que a transição energética deve estar enraizada nos territórios e em seus saberes. “Quem vive nos territórios sente diretamente o impacto das mudanças climáticas — ondas de calor, enchentes, colapsos de infraestrutura. Essas vozes precisam estar nas mesas de negociação”, afirmou. “Transição justa significa cuidado com o território, com as pessoas e com os saberes tradicionais.”

A pesquisadora Icoana Lais Martins, do Observatório Latino-Americano de Geopolítica da Energia (OLAGE), acrescentou que o sucesso de projetos de energia limpa depende da escuta ativa das comunidades desde as etapas iniciais. “Instalar painel solar não é suficiente. É preciso escutar as comunidades desde o início e respeitar seus saberes”, destacou. Martins coordena o Projeto Aylluq Q’Anchaynin, voltado à transição energética em territórios periféricos e indígenas, e defende ainda maior presença de mulheres no setor energético. “A falta de acesso à eletricidade afeta principalmente as mulheres. Programas como o Luz para Todos precisam ser pensados com recorte de gênero.”

Uma década de construção de protagonismo

A cúpula também celebrou os dez anos da BRICS Youth Energy Agency (BRICS-YEA), que evoluiu de uma plataforma universitária para um ator reconhecido nos documentos oficiais do bloco. A agência tem participado de fóruns e eventos promovidos por instituições internacionais como a AIEA, IRENA e a ONU, consolidando seu papel como voz estratégica da juventude do Sul Global na agenda energética.

“Hoje, a juventude deixou de ser observadora. Ela está contribuindo ativamente para a definição de políticas energéticas nos BRICS”, concluiu Kormishin.

O evento foi organizado pelo Ministério de Minas e Energia do Brasil, pela Secretaria Nacional da Juventude da Presidência da República, em parceria com a BRICS Youth Energy Agency e a estatal russa Rosatom.

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