Fundador e presidente do CCG propõe seis ações concretas para ampliar a cooperação Brasil-China
Henry Huiyao Wang, do Centro para a China e a Globalização, defende aprofundar parcerias em infraestrutura, energia verde, inovação e integração financeira
247 — O fundador e presidente do Centro para a China e a Globalização (CCG), Henry Huiyao Wang, defendeu a adoção de seis ações concretas para fortalecer e modernizar a parceria entre Brasil e China, durante discurso no Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), realizado em São Paulo nesta segunda-feira 13.
Wang afirmou que “Brasil e China caminham lado a lado há cinquenta anos, passando da cooperação comercial à colaboração em inovação, crescimento verde e governança global”. Segundo ele, a relação entre os dois países “é hoje um modelo de parceria entre nações emergentes, capaz de promover um desenvolvimento mais inclusivo e sustentável”.
Comércio recorde e investimentos crescentes
A China é o principal parceiro comercial do Brasil há 15 anos consecutivos, com um volume de trocas superior a US$ 180 bilhões em 2024, o que representa quase um terço de todo o comércio exterior brasileiro. Desde 2007, os investimentos chineses no país somam US$ 79 bilhões, abrangendo projetos em energia, mobilidade, tecnologia e manufatura.
Entre os exemplos citados por Wang estão os parques eólicos e solares da State Power Investment Corporation (SPIC) na Bahia e na Paraíba, e a reativação da antiga fábrica da Ford em Camaçari (BA), agora transformada pela BYD em um complexo de veículos elétricos e baterias. “É um símbolo de renovação, inovação verde e prosperidade”, destacou o presidente do CCG.
As seis ações para uma nova etapa da parceria
Henry Huiyao Wang delineou seis caminhos estratégicos para consolidar uma “nova fase de cooperação” entre as duas maiores economias do Sul Global:
- Infraestrutura integrada – Expandir projetos de energia, transporte e logística, com destaque para a proposta de um trem de alta velocidade entre São Paulo e Rio de Janeiro, que reduziria custos, emissões e estimularia novas indústrias.
- Integração financeira – Ampliar o uso do real e do yuan nas transações bilaterais. Desde 2023, cerca de 30% do comércio já é liquidado sem intermediação do dólar, o que, segundo Wang, “aumenta a estabilidade e reduz custos cambiais”.
- Transição verde e reindustrialização sustentável – Estimular parcerias em energia limpa, hidrogênio verde e indústria 4.0, conectando políticas como o Nova Indústria Brasil e o Programa de Aceleração do Crescimento com tecnologias chinesas em renováveis e digitalização.
- Economia digital e inteligência artificial – Ampliar colaborações em 5G, computação em nuvem e robótica, com projetos de inovação conjunta entre empresas como Huawei, Alibaba e startups brasileiras.
- Intercâmbio cultural e educacional – Facilitar vistos, ampliar voos diretos e promover programas de intercâmbio e bolsas de estudo para estudantes e pesquisadores dos dois paísesWorking Speech Draft 2.4 (1)
- Diálogo acadêmico e think tanks – Criar um Fórum Permanente Brasil-China de Think Tanks, reunindo instituições como o CCG, o CEBC e o CEBRI para debater governança global, finanças sustentáveis e políticas industriais.
Um modelo de cooperação para o Sul Global
.Ao concluir o discurso, Wang afirmou que o relacionamento sino-brasileiro “é uma história de sucesso do Sul Global”, que deve servir de inspiração para outros países em desenvolvimento. “Chegou a hora de construirmos não apenas pontes de comércio, mas corredores verdes de crescimento e inovação digital”, declarou o presidente do CCG.
Para Wang, os próximos cinquenta anos da parceria devem ser guiados por um princípio central: “desenvolvimento compartilhado, responsabilidade compartilhada e prosperidade compartilhada”.
