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Brasil impulsiona sistema alternativo ao dólar no BRICS em meio à pressão de Trump

Lula discutirá com Xi Jinping uso de blockchain para transações entre países do bloco e busca apoio para reduzir dependência da moeda americana

Da esq. para a dir.: presidentes Lula, Xi Jinping, Cyril Ramaphosa, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Guilherme Levorato avatar
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247 - Em meio às tensões provocadas pela nova escalada da guerra comercial liderada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o governo brasileiro se prepara para dar um novo passo em direção a uma alternativa ao dólar nas transações internacionais do BRICS. 

Segundo o jornal O Globo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) levará o tema diretamente ao presidente da China, Xi Jinping, em encontro previsto para 12 de maio. A iniciativa busca colocar em discussão a criação de um sistema próprio de pagamentos, menos dependente da moeda americana, em um momento em que Trump ameaça com retaliações econômicas. De acordo com o jornal, Lula e seus assessores negam que a medida seja uma afronta à Casa Branca. Mas o desconforto no governo dos EUA já é evidente: Trump ameaçou aplicar tarifas punitivas a países do BRICS que avancem com alternativas ao dólar.

Novos ventos no BRICS - A proposta defendida pelo Brasil prevê a utilização de tecnologias como blockchain — base das criptomoedas — para baratear e tornar mais ágeis os pagamentos entre os membros do bloco. Com a entrada recente de seis novos países — Egito, Emirados Árabes, Arábia Saudita, Etiópia, Irã e Indonésia —, o BRICS se fortaleceu e passa a ter mais peso nas discussões sobre o redesenho das finanças globais. A reunião de ministros da Fazenda do bloco, que antecede a cúpula dos líderes marcada para julho no Rio de Janeiro, deverá aprofundar essa agenda.

Integrantes do governo Lula reiteram que não há intenção de criar uma moeda comum nem de confrontar os Estados Unidos. O objetivo seria reduzir barreiras operacionais e comerciais por meio de instrumentos mais modernos de compensação financeira.

Encontros estratégicos em Moscou e Pequim - Antes de chegar à China, Lula fará uma parada estratégica em Moscou, onde participará, na sexta-feira (9), das celebrações pelo Dia da Vitória, a convite do presidente russo Vladimir Putin. Além da simbologia do evento, o encontro também servirá para reforçar o diálogo sobre a guerra na Ucrânia e articular uma proposta de mediação envolvendo Brasil e China. Para a Rússia, alvo de sanções do Ocidente, o avanço de um sistema alternativo ao dólar também é visto com interesse.

A visita a Xi Jinping terá, ainda, forte conteúdo político. Lula estará acompanhado por líderes da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), reforçando a aproximação entre a América Latina e a China. A iniciativa ocorre após declarações do secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, que classificou a região como "quintal" americano. Em resposta, o chanceler chinês Wang Yi rebateu: “os países da América Latina não são quintal de ninguém”.

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