Banco do Brics tem novas adesões e pedido por uma 'reglobalização sustentável'
Discussões foram aprofundadas na Cúpula do BRICS, realizada no Rio de Janeiro. Brasil segue na presidência rotativa do bloco até 31 de dezembro de 2025
247 - O segundo dia da 10ª Reunião Anual do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), realizada no Rio de Janeiro em 5 de julho, foi marcado pela entrada de novos países na instituição e por discursos em defesa de uma ordem econômica global mais equitativa. Segundo a Agência Gov, Dilma Rousseff, presidenta do NDB, e Fernando Haddad, ministro da Fazenda do Brasil, defenderam uma "reglobalização sustentável" e um Fundo Monetário Internacional (FMI) mais representativo.
O evento, que celebrou os dez anos de fundação do banco conhecido como "Banco do BRICS", aprovou a inclusão de Colômbia e Uzbequistão ao rol de membros. Com isso, o NDB passa a contar com 11 países: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Bangladesh, Emirados Árabes Unidos, Egito, Argélia e os dois recém-integrados. A expansão reflete a crescente articulação de economias emergentes, embora nem todos os membros do banco façam parte oficialmente do BRICS.
Dilma Rousseff ressaltou que a ampliação da base de membros é uma das prioridades estratégicas da instituição. Outra frente central é a realização de financiamentos em moedas locais e o estímulo a projetos de infraestrutura. Segundo Dilma, o NDB busca destinar 30% de suas operações entre 2022 e 2026 em moedas dos próprios países membros. Para ela, essas ações consolidam a identidade do banco como um instrumento de desenvolvimento “feito pelo Sul Global para o Sul Global”.
Em discurso direcionado a ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais do BRICS, Fernando Haddad revelou que está em curso a elaboração de um documento batizado de “Visão do Rio de Janeiro para o FMI”, articulado entre países do Sul Global com o objetivo de pressionar por uma reforma no Fundo Monetário Internacional. A ideia é construir um posicionamento conjunto que reflita o desejo dessas nações por mais voz em conselhos e instituições multilaterais.
O documento tem origem nas discussões iniciadas durante a Cúpula do G20 do ano anterior, sob presidência brasileira, quando foi aprovado um texto consensual reivindicando mudanças na governança global. As propostas incluem a ampliação do Conselho de Segurança da ONU com mais representantes da Ásia, África, América Latina e Caribe, além da criação de uma 25ª cadeira no FMI voltada à África Subsariana.
Haddad também defendeu a necessidade de uma nova forma de globalização, que contemple dimensões sociais, econômicas e ambientais, promovendo o desenvolvimento igualitário da humanidade. Ele chamou esse processo de "reglobalização sustentável", e apresentou um conjunto de propostas:
- Facilitar o comércio e os investimentos entre os países do BRICS
- Fortalecer a coordenação em torno da reforma do sistema financeiro e monetário internacional
- Incentivar o diálogo interno sobre tributação de grandes fortunas, parcerias público-privadas e regimes aduaneiros
- Criar o “Tropical Forest Forever Facility”, um modelo de financiamento climático que premie países que protejam florestas tropicais, a ser apresentado na COP30 em parceria com a presidência brasileira
As discussões do NDB foram aprofundadas na Cúpula do BRICS, realizada nos dias 6 e 7 de julho, também no Rio de Janeiro. O Brasil segue na presidência rotativa do bloco até 31 de dezembro de 2025, conduzindo os debates sobre governança global, sustentabilidade e maior protagonismo do Sul Global nos organismos internacionais.
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