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Vodca russa ajuda a salvar homem intoxicado por metanol

Comerciante passou por tratamento emergencial após consumir bebida adulterada

Vodca russa ajuda a salvar homem intoxicado por metanol (Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde DF)

247 - Em 26 de setembro, Cláudio Crespi, comerciante da cidade de São Paulo, foi vítima de uma intoxicação grave por metanol, após consumir uma bebida alcoólica entre São Paulo e Guarulhos. No dia seguinte, seu estado de saúde piorou e ele precisou ser internado. A advogada Camila Crespi, sobrinha de Cláudio, relembra o momento de desespero. "O hospital não tinha o antídoto. Eu fui buscar uma vodca em casa. Estava fechada. Eu e meu marido não bebemos, e a vodca russa estava em casa fechada e pronta para o meu tio usar. Na hora do desespero, a médica pediu um destilado e lembramos que tinha essa em casa", contou ao g1.

A solução inesperada foi encontrada na própria casa de Camila, onde a vodca, que havia sido presente de uma amiga, foi utilizada pelos médicos para estabilizar o comerciante. Durante cerca de quatro dias, o destilado foi administrado no hospital até que a hemodiálise completasse o tratamento, permitindo a recuperação de Cláudio, que foi diagnosticado com intoxicação por metanol, um tipo de álcool altamente tóxico. A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo confirmou que o uso de bebida alcoólica como antídoto é um protocolo emergencial reconhecido, utilizado quando medicamentos específicos não estão disponíveis.

O metanol é convertido no fígado em formaldeído e ácido fórmico, substâncias que podem causar danos irreversíveis, como cegueira e até morte. O médico hepatologista Rogério Alves, do Hospital Beneficência Portuguesa, explicou que, quando o fomepizol, o antídoto ideal, não está disponível, o etanol (encontrado na vodca) é utilizado para bloquear a ação das enzimas que transformam o metanol em veneno. A hemodiálise é um complemento importante para eliminar as toxinas do corpo.

Em São Paulo já foram registrados 25 casos confirmados de intoxicação por metanol, e 5 mortes, em consequência do consumo de bebidas adulteradas. A polícia investiga a fabricação clandestina de bebidas, onde o metanol é misturado ao etanol, originando destilados perigosos para a saúde pública.

Ainda em recuperação, Cláudio declarou: "Eu ganhei uma vida nova", referindo-se à sua recuperação surpreendente após o coma. No entanto, ele ainda lida com problemas de visão e dificuldades respiratórias. 

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