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Saúde mental: estudo liga poluição sonora do trânsito a aumento de casos de depressão e ansiedade

Pesquisadores da Universidade de Oulu, na Finlândia, apontam que viver em áreas com barulho acima de 53 decibéis aumenta o risco de transtornos mentais

Trânsito em São Paulo (Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil)

247 - Um levantamento da Universidade de Oulu, na Finlândia, revelou uma conexão direta entre a poluição sonora do trânsito e o desenvolvimento de transtornos mentais, como ansiedade e depressão, entre crianças, adolescentes e jovens adultos. A pesquisa, publicada na revista científica Environmental Research e divulgada pela Folha de S.Paulo, analisou dados de mais de 114 mil pessoas expostas a diferentes níveis de barulho urbano.

Níveis de ruído acima do recomendado elevam risco de transtornos

O estudo acompanhou indivíduos nascidos entre 1987 e 1998 que viviam na região metropolitana de Helsinque em 2007. O monitoramento ocorreu por até dez anos, dos 8 aos 21 anos de idade, cruzando informações residenciais com diagnósticos médicos. Os pesquisadores calcularam a média anual de exposição ao ruído do tráfego rodoviário e ferroviário nos endereços de residência.

Os resultados mostraram que, quando o barulho ultrapassa 53 decibéis (dB) — limite considerado seguro pela Organização Mundial da Saúde (OMS) —, há um aumento significativo nos casos de ansiedade e depressão. Segundo os autores, até mesmo jovens que dormiam em áreas mais silenciosas das casas estavam vulneráveis.

Impactos maiores em homens e em famílias sem histórico de transtornos mentais

O risco de ansiedade foi mais evidente entre homens e jovens cujos pais não tinham histórico de problemas de saúde mental. Em níveis entre 45 e 50 dB, o risco era menor, mas acima de 53 dB o barulho se mostrou um estressor psicológico relevante, independentemente das condições de sono.

Ruído urbano é a segunda maior ameaça ambiental na Europa

A poluição sonora é considerada pela União Europeia a segunda maior preocupação em saúde ambiental, atrás apenas da poluição atmosférica. Seus efeitos vão além da saúde mental, podendo causar danos auditivos, distúrbios do sono, dificuldades cognitivas e até contribuir para doenças cardiovasculares e neurológicas.

Pesquisadores pedem ações de mitigação

O principal autor do estudo, Yiyan He, defendeu medidas urgentes para reduzir os efeitos da poluição sonora. “As descobertas devem incentivar políticas públicas que reduzam a exposição ao ruído do trânsito”, afirmou. Entre as soluções sugeridas estão a criação de mais áreas verdes nas cidades, o uso de pneus mais silenciosos e a redução de limites de velocidade em áreas urbanas.

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