Família acusa PM de SC de negligência após morte de dentista em cela: 'ele estava infartando, não bêbado'
Os policiais interpretaram de forma equivocada os sinais do ataque cardíaco como se fossem sintomas de embriaguez
247 - A morte do dentista e servidor público Cezar Maurício Ferreira, em uma cela da Polícia Civil em Santa Catarina, gerou revolta e acusações de negligência por parte da família.
Segundo reportagem publicada pelo UOL, os familiares afirmam que a Polícia Militar e a Polícia Civil cometeram uma série de erros graves ao prender o homem, que na verdade estaria sofrendo um infarto no momento da abordagem.
De acordo com o advogado Wilson Knoner Campos, que representa a família de Cezar, os policiais interpretaram de forma equivocada os sinais do ataque cardíaco como se fossem sintomas de embriaguez. "Naquele momento, o Cezar já estava em situação de infarto, sem conseguir se comunicar, se mexer, e isso foi interpretado equivocadamente como sinal de embriaguez", afirmou o advogado. "Ele não recebeu em nenhum momento qualquer assistência médica", completou.
O boletim de ocorrência da Polícia Militar aponta que Cezar apresentava “sinais evidentes” de embriaguez, como dificuldades para se comunicar, desorientação e falta de resposta aos comandos. Os agentes também relataram que ele não conseguiu realizar o teste do bafômetro — o que reforçou, na visão deles, a hipótese de consumo de álcool. No entanto, a defesa sustenta que o dentista não bebia por convicções religiosas e que não havia qualquer odor etílico no momento da prisão.
Segundo o advogado, Cezar era portador de doenças cardíacas e já havia passado por uma cirurgia para implantação de um marca-passo — o que teria deixado uma cicatriz visível. “Se tivesse passado por exame de corpo de delito, teriam visto a cicatriz que comprova a condição cardíaca dele”, argumenta Knoner. Ainda de acordo com a defesa, Cezar sequer foi submetido a esse exame e foi levado diretamente para uma cela, sem qualquer avaliação médica.
Cezar também era servidor do Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina (TRT-SC), além de atuar como dentista. Para a família, a tragédia poderia ter sido evitada se ele tivesse recebido o atendimento adequado. “O erro gravíssimo dos policiais foi interpretar os sinais flagrantes de um ataque cardíaco como embriaguez. Uma morte totalmente evitável se tivesse sido feito o procedimento correto”, afirmou o advogado.
Outro ponto destacado pela defesa é que a família não foi informada oficialmente sobre a prisão de Cezar. Os parentes souberam do caso por meio de terceiros e, ao procurarem a delegacia, não conseguiram contato com o dentista e foram instruídos a buscar um advogado.Cezar morreu na cela, sozinho, sem assistência médica. “Ele precisava ser encaminhado de ambulância para um hospital, não no camburão para uma cela gélida da Polícia Civil para morrer sem um atendimento médico”, declarou Wilson Knoner Campos.
A família agora busca responsabilização das autoridades envolvidas e cobra providências sobre os procedimentos adotados na prisão e custódia da vítima.
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