Câmera corporal flagra execução de suspeito rendido por PMs em Paraisópolis
Imagens mostram homem ajoelhado com as mãos erguidas sendo baleado por policiais durante operação; dois agentes foram presos e outros dois indiciados
247 - Uma operação da Polícia Militar na comunidade de Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo, terminou em grave denúncia de execução. Imagens registradas por câmeras corporais mostram policiais atirando contra um homem já rendido, em uma ação que culminou com a prisão de dois PMs por homicídio doloso. As informações são do G1.
O caso ocorreu na noite da última quinta-feira (10). As imagens revelam que o suspeito, identificado como Igor Oliveira de Moraes Santos, estava ajoelhado, com as mãos erguidas, encostado em uma parede, sem oferecer resistência, quando foi atingido por disparos feitos por pelo menos dois policiais militares. Após ser baleado e cair no chão, Igor ainda foi novamente alvejado ao tentar se levantar, a mando de um dos agentes.Logo após os tiros, os PMs gritam: “As COP, as COP, as COP”, referência às Câmeras Operacionais Portáteis utilizadas nas fardas. O equipamento estava ativado e registrou toda a ação, contrariando a versão inicial apresentada pelos policiais envolvidos. O coronel Emerson Massera, chefe da comunicação da PM, afirmou que “o homem já estava rendido quando os policiais efetuaram os disparos” e classificou a conduta dos agentes como “ilegal”.
“A ação começou completamente legítima. (...) Num determinado momento, esse homem já estava rendido quando os policiais efetivaram os disparos, sem nada que os justificasse”, disse o coronel.“Reconhecemos nosso erro e os policiais já estão sendo responsabilizados e vão responder por isso”, afirmou, acrescentando que “houve o erro do policial, não falta de treinamento ou preparo”.
A operação policial foi iniciada após denúncia de que homens armados estariam escondidos em um ponto de venda de drogas. Quatro suspeitos fugiram e invadiram uma casa de um morador que não tinha ligação com a ocorrência. Três armas de fogo, drogas, dinheiro e celulares foram apreendidos no local. Igor foi morto ali. Outros três homens foram presos — dois deles não tinham antecedentes criminais.
A ação da PM gerou forte reação na comunidade. Horas após a execução, moradores de Paraisópolis realizaram um protesto que terminou em mais uma morte. A ação se espalhou pela região da Avenida Giovanni Gronchi, no Morumbi, onde grupos armados com paus e pedras atacaram motoristas. Um carro foi empurrado e tombado na rua. A polícia dispersou o grupo após quase quatro horas de conflito.
Durante o protesto, um sargento da Rota foi baleado no ombro e precisou passar por cirurgia. Outra vítima, Bruno Leite, de 29 anos, foi atingida durante a confusão e não resistiu. Uma pessoa foi presa.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que o caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e que as imagens das câmeras corporais já estão em análise. “Dois policiais militares foram presos em flagrante por homicídio doloso (...). Outros dois PMs também foram indiciados, por apresentarem versões incompatíveis com as imagens registradas”, afirmou a pasta em nota.Além do inquérito da Polícia Civil, a PM instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar a conduta de todos os agentes envolvidos. As câmeras utilizadas no episódio pertencem a um novo modelo implantado recentemente pela corporação, no qual a gravação precisa ser ativada manualmente — o que ocorreu via conexão bluetooth entre os dispositivos.
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