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Com ventos de até 250 km/h, tornado devastou 90% de cidade no Paraná

Evento climático em Rio Bonito do Iguaçu vitimou 6 pessoas, dentre elas uma menina de 14 anos

Imagens aéreas de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná (Foto: Reuters/via Governo do Estado do Paraná)

247 - O tornado que atingiu o interior do Paraná nesta sexta-feira (8) foi classificado como EF3, com ventos de até 250 km/h, segundo o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar). O fenômeno extremo deixou seis mortos, mais de 750 feridos e destruiu 90% da cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no centro-sul do estado.

De acordo com o g1, as vítimas foram identificadas como: 

  1. José Neri Geremias (53)
  2. Adriane Maria de Moura (47)
  3. Jurandir Nogueira Ferreira (49)
  4. Claudino Paulino Risse (57)
  5. José Gieteski (83) 
  6. Júlia Kwapis (14) 

Júlia estava na casa de uma amiga quando foi arrastada pelas rajadas de vento. Seu pai, Roberto Kwapis, relatou que ela se preparava para receber o sacramento da Crisma no fim de semana, e a família planejava um churrasco em comemoração.

Fenômeno de grande intensidade

Segundo o meteorologista Samuel Braun, do Simepar, a classificação do tornado foi determinada com base em imagens de destruição e dados de radar. "O ambiente atmosférico estava muito úmido, aquecido. Há também outros fatores, por exemplo, como a diferença dos ventos entre a superfície e os níveis mais elevados da atmosfera. Nós chamamos na meteorologia de cisalhamento. Então, esse cisalhamento estava extremamente elevado. São vários fatores que contribuíram para a formação dessas tempestades e do tornado nessa cidade", explicou.

O fenômeno foi provocado por um ciclone extratropical que atingiu o Sul do país, causando fortes chuvas e ventos também no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. 

Destruição em larga escala

Imagens aéreas mostram casas completamente destruídas, veículos capotados e árvores arrancadas em Rio Bonito do Iguaçu, município de cerca de 14 mil habitantes, localizado a 400 km de Curitiba. O governo do Paraná informou que a maior parte da cidade ficou inabitável e que centenas de famílias perderam tudo.

Uma moradora descreveu à TV Globo o cenário encontrado: "Na entrada da cidade já havia sinais muito claros de que algo muito horrível aconteceu. Conforme a gente foi entrando, foi ficando mais caótico. Cenário de guerra mesmo. Carro capotado, árvore no meio da rua".

O professor de judô Marcelo Gomes contou que estava com crianças em um centro cultural quando o tornado começou. "O pai de um aluno foi fechar a porta e já veio correndo. E percebi que uma porta de segurança começou a balançar demais, reuni as crianças e levei para um espaço mais seguro. Quando fechei a porta, veio aquele bafo de poeira, terra, lama. Nos abraçamos dentro do banheiro e começamos a rezar. Quando eu abri a porta, o centro cultural todo tinha vindo abaixo. Um espaço gigante, estava tudo no chão".

Já o vigilante Adilson Camilo relatou que sua casa e sua farmácia foram destruídas. "A gente tem uma farmácia e saímos correndo, porque minha filha estava em casa. Chegamos lá, não deu dois minutos, começou a voar tudo. Voou telha, parede. Corremos para o banheiro, estourou também. Nos abraçamos e pedimos a Deus para nos proteger. O tornado durou 30, 40 segundos, e detonou tudo. Eu tenho dois carros, um deles voou dez metros. Parecia assim como se soltassem uma bomba atômica".

Operação de resgate e ajuda humanitária

O governo do Paraná enviou 30 bombeiros de várias cidades e 20 agentes do Grupo de Operações de Socorro Tático (Gost), com cães farejadores, para auxiliar nas buscas por vítimas. Ambulâncias de Cascavel e Guarapuava também foram deslocadas para atender os feridos, enquanto a Secretaria da Saúde disponibilizou leitos em outras regiões do estado.

O ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, informou que o governo Lula (PT) prepara o envio de ajuda humanitária ao Paraná, sob coordenação do presidente. .

O governador Ratinho Junior (PSD) declarou que uma base de comando e coordenação será montada no Quartel Central do Corpo de Bombeiros de Guarapuava, de onde serão organizadas as ações de resgate e reconstrução. Caminhões com cestas básicas, kits de higiene e dormitórios deixaram Curitiba ainda na madrugada.

Outras regiões também afetadas

Além de Rio Bonito do Iguaçu, outras cidades do Paraná enfrentaram ventos intensos e danos estruturais. Dois Vizinhos registrou rajadas de 82,4 km/h, Cornélio Procópio chegou a 76 km/h e Campo Mourão, a 74,2 km/h.

O ciclone extratropical também provocou queda de árvores e postes em municípios do Sudeste, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro. As autoridades seguem em alerta para novas formações de tempestades severas nas próximas horas.

O rastro de destruição deixado pelo tornado no Paraná é considerado um dos mais graves desastres climáticos da história recente do estado, mobilizando esforços conjuntos entre governo federal, estadual e equipes de resgate para atender as vítimas e iniciar a reconstrução das áreas devastadas.

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