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Nikolas e Bolsonaro pediram apoio para alvo de operação da PF em MG

Ex-presidente e deputado do PL manifestaram apoio público a Gilberto Henrique Horta de Carvalho, apontado pela PF como lobista de organização criminosa

Dep. Nikolas Ferreira (PL - MG) (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

247 - Um dos alvos da operação deflagrada nesta quarta-feira (17) pela Polícia Federal em Minas Gerais, Gilberto Henrique Horta de Carvalho, recebeu apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro e do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) durante sua candidatura ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado (Crea-MG). A informação foi divulgada pela Folha de S. Paulo, que detalhou a investigação sobre corrupção, crimes ambientais e lavagem de dinheiro.

Carvalho, geógrafo de formação, é apontado pela PF como articulador e lobista de um grupo criminoso que teria atuado junto a órgãos públicos para favorecer mineradoras em processos de licenciamento ambiental. Ele foi preso preventivamente por ordem da Justiça Federal, que considerou haver risco de destruição de provas e de continuidade das práticas ilegais. A defesa do investigado não foi localizada até a publicação da reportagem.

No fim de 2023, em vídeo publicado nas redes sociais de Carvalho, Nikolas Ferreira pediu votos ao candidato para as eleições do Crea-MG. "A gente sabe que durante muito tempo a esquerda se aparelhou nesses conselhos e a gente precisa desaparelhar isso para, no final das contas, servir a quem é de direita", afirmou o deputado.

Na gravação, Carvalho também aparece defendendo a necessidade de derrotar adversários políticos. “Para a gente limpar o sistema de engenheiros de esquerda, vote Minas Gerais para Gilberto Carvalho”, declarou. Já Bolsonaro recebeu Gilberto em Brasília e a gravou vídeo declarando apoio a ele.

Além do apoio nas eleições do Crea-MG, Nikolas esteve com Gilberto durante a posse de Donald Trump nos EUA, em janeiro de 2025. Segundo o Metrópoles, o lobista também atuou como assessor no gabinete do vereador de Belo Horizonte Uner Augusto (PL), aliado de Nikolas.

O esquema revelado pela PF

As investigações apontam que Carvalho atuava como intermediário entre mineradoras e órgãos ambientais, além de autoridades públicas. Uma das frentes de sua articulação teria sido com Rodrigo de Melo Teixeira, ex-diretor da Polícia Federal durante o governo do presidente Lula (PT), também preso nesta quarta-feira.

Segundo a PF, uma empresa ligada a Carvalho teria recebido cerca de R$ 700 mil de uma mineradora investigada. Posteriormente, foi firmado um acordo entre o setor mineral e o Governo de Minas que favoreceu os interesses do grupo. A suspeita é de que o esquema tenha garantido autorizações fraudulentas de licenciamento ambiental.

Dimensão dos valores envolvidos

De acordo com as autoridades, o grupo teria obtido lucros de aproximadamente R$ 1,5 bilhão e ainda mantinha projetos em andamento com potencial de movimentar mais de R$ 18 bilhões. Entre os presos, além de Carvalho, está Caio Mário Trivellato Seabra Filho, diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM).

A operação, batizada de Rejeito, foi realizada com o apoio do Ministério Público Federal e da Receita Federal. No total, foram cumpridos 79 mandados de busca e apreensão, 22 de prisão preventiva, além do afastamento de servidores públicos, bloqueio de R$ 1,5 bilhão e suspensão das atividades de empresas investigadas.

Órgãos envolvidos no esquema

Os investigadores afirmam que servidores públicos foram corrompidos em diferentes instâncias estaduais e federais. Entre os órgãos citados estão o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Agência Nacional de Mineração (ANM), a Fundação Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais (Feam) e a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad).

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