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Justiça determina que Alexandre Frota e Facebook retirem vídeo que expôs médica em hospital de Cotia

Descumprimento da decisão pode gerar multa de até R$ 500 mil

Alexandre Frota (PSDB) (Foto: Michel Jesus - Câmara dos Deputados)
Laís Gouveia avatar
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247 - A Justiça de Cotia, na Grande São Paulo, determinou que o vereador Alexandre Frota (PDT) e a plataforma Facebook retirem do ar um vídeo publicado na rede social que expôs uma médica durante uma fiscalização em uma unidade de saúde do município. A decisão foi tomada pela juíza Renata Pedreno, que considerou que a médica Carolina Crespilho foi desrespeitada ao ser filmada sem autorização. A informação é do g1.

A magistrada também proibiu Frota de fazer novas publicações sobre a profissional ou sobre qualquer uma das partes envolvidas no processo, “ainda que de forma transversa”, sob pena de multa diária de R$ 50 mil, limitada a R$ 500 mil. A decisão é passível de recurso.

A publicação foi feita por Frota na última quarta-feira (2), quando o vereador esteve na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Atalaia. No vídeo, o parlamentar aparece acompanhado de pessoas com camisetas identificadas com seu nome e a inscrição “fiscalização parlamentar”. Durante a gravação, ele afirma estar exercendo seu mandato e alega ter autorização para vistoriar o local. “Não tô desrespeitando”, declara Frota.

No entanto, a médica filmada contesta a presença do vereador e pede que ele se retire do hospital, alegando que a ação estaria desrespeitando os profissionais da unidade. Segundo a decisão judicial, a forma como a fiscalização foi conduzida, com uso de câmeras e exposição dos trabalhadores, não respeitou as normas da instituição.

Na publicação feita em sua página do Facebook, Frota escreveu:
“Fiscalização na UPA Atalaia! 🚨Na vistoria encontramos: falta de remédios, falta de ar condicionado e médicos dormindo. Além de estarem dormindo, apresentaram um documento para tentar impedir a minha fiscalização!”

Até a tarde deste sábado (5), o vídeo permanecia disponível na rede social, mesmo após a decisão judicial emitida na sexta-feira (4). A reportagem não conseguiu contato com Frota ou sua defesa. A equipe enviou e-mail para o endereço do vereador na Câmara Municipal de Cotia e aguarda retorno. Também não houve resposta da assessoria do Facebook.

A juíza Renata Pedreno foi categórica ao comentar a conduta do parlamentar:
“Pontuo, todavia, que eventuais novas fiscalizações pelo interessado deverão se dar de forma respeitosa, sem intimidação dos trabalhadores do local com gravações e, sobretudo, observadas as regras do local vistoriado – o que não se observou no recorte dos vídeos acima indicados.”

A ação de Frota gerou reações de entidades médicas. Em nota conjunta, a Associação Paulista de Medicina (APM) e a Associação Médica Brasileira (AMB) prestaram solidariedade à médica e criticaram a abordagem do vereador:
“Os vereadores têm a missão de fiscalizar o serviço público, mas não podem adentrar em hospitais e UPAs sem autorização, muito menos de interferir diretamente no atendimento médico.” As entidades ainda reforçaram que esse tipo de fiscalização deve ocorrer de forma institucional e respeitando os direitos dos pacientes e profissionais de saúde.

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) também se manifestou, classificando a atitude como “constrangedora e ilegal”.

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