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Itamaraty minimiza contato de Cláudio Castro com governo Trump

Chancelaria brasileira diz que manifestação da agência antidrogas dos EUA não tem peso político nem representa posição oficial de Washington

Rio de Janeiro (RJ) - 24/10/2024 - O governador do Rio, Cláudio Castro, fala à imprensa após a morte de três pessoas baleadas na Avenida Brasil, próximo do Complexo de Israel, onde acontecia uma operação da Polícia Militar, na Zona Norte (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

247 - O Ministério das Relações Exteriores minimizou nesta quinta-feira (6) a importância dos recentes contatos entre o governo do Rio de Janeiro e representantes ligados à administração do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A repercussão teve início após a divulgação de uma carta enviada pela Agência de Combate às Drogas (DEA) lamentando a morte de quatro policiais em operação realizada nos complexos do Alemão e da Penha, na semana passada.

De acordo com informações publicadas pelo jornal O Globo, o Itamaraty avaliou que o documento da DEA não partiu de instâncias de alto nível do governo norte-americano, como o Departamento de Estado ou a Casa Branca, mas de um agente lotado no consulado-geral dos Estados Unidos no Rio de Janeiro. A pasta brasileira classificou o gesto como um ato protocolar, sem qualquer caráter político ou diplomático.

A carta, assinada por James Sparks, chefe da DEA no Rio, foi encaminhada ao secretário estadual de Segurança Pública, Victor Santos. No texto, Sparks elogia a “coragem” dos policiais mortos e oferece “qualquer apoio que se faça necessário”. Apesar do tom de solidariedade, diplomatas brasileiros afirmaram que o gesto não representa um posicionamento oficial de Washington, tampouco uma tentativa de aproximação política com o governo fluminense.

A embaixada dos Estados Unidos em Brasília manteve silêncio sobre o episódio, o que, segundo integrantes do governo brasileiro, reforça o entendimento de que a iniciativa não tem peso diplomático. Para o Itamaraty, a ausência de manifestações públicas de alto escalão norte-americano indica que as recentes tensões entre os dois países estão mais controladas.

A colunista Malu Gaspar revelou que o governador Cláudio Castro tem mantido articulações com o governo Trump há cerca de seis meses, com o objetivo de que os Estados Unidos classifiquem o Comando Vermelho como organização narcoterrorista. Essa designação permitiria a aplicação de sanções previstas para grupos dessa natureza.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, se opõe à proposta. A diplomacia brasileira teme que a medida possa abrir precedentes para sanções econômicas contra o Brasil ou autorizar ações mais incisivas dos Estados Unidos sob o argumento de combate ao narcoterrorismo.

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