Itamaraty minimiza contato de Cláudio Castro com governo Trump
Chancelaria brasileira diz que manifestação da agência antidrogas dos EUA não tem peso político nem representa posição oficial de Washington
247 - O Ministério das Relações Exteriores minimizou nesta quinta-feira (6) a importância dos recentes contatos entre o governo do Rio de Janeiro e representantes ligados à administração do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A repercussão teve início após a divulgação de uma carta enviada pela Agência de Combate às Drogas (DEA) lamentando a morte de quatro policiais em operação realizada nos complexos do Alemão e da Penha, na semana passada.
De acordo com informações publicadas pelo jornal O Globo, o Itamaraty avaliou que o documento da DEA não partiu de instâncias de alto nível do governo norte-americano, como o Departamento de Estado ou a Casa Branca, mas de um agente lotado no consulado-geral dos Estados Unidos no Rio de Janeiro. A pasta brasileira classificou o gesto como um ato protocolar, sem qualquer caráter político ou diplomático.
A carta, assinada por James Sparks, chefe da DEA no Rio, foi encaminhada ao secretário estadual de Segurança Pública, Victor Santos. No texto, Sparks elogia a “coragem” dos policiais mortos e oferece “qualquer apoio que se faça necessário”. Apesar do tom de solidariedade, diplomatas brasileiros afirmaram que o gesto não representa um posicionamento oficial de Washington, tampouco uma tentativa de aproximação política com o governo fluminense.
A embaixada dos Estados Unidos em Brasília manteve silêncio sobre o episódio, o que, segundo integrantes do governo brasileiro, reforça o entendimento de que a iniciativa não tem peso diplomático. Para o Itamaraty, a ausência de manifestações públicas de alto escalão norte-americano indica que as recentes tensões entre os dois países estão mais controladas.
A colunista Malu Gaspar revelou que o governador Cláudio Castro tem mantido articulações com o governo Trump há cerca de seis meses, com o objetivo de que os Estados Unidos classifiquem o Comando Vermelho como organização narcoterrorista. Essa designação permitiria a aplicação de sanções previstas para grupos dessa natureza.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, se opõe à proposta. A diplomacia brasileira teme que a medida possa abrir precedentes para sanções econômicas contra o Brasil ou autorizar ações mais incisivas dos Estados Unidos sob o argumento de combate ao narcoterrorismo.

