Em março, Castro disse que não precisava de ajuda federal na segurança
Em poucos meses, governador do Rio passou de afirmar ter polícia estruturada a cobrar apoio federal e blindados do governo Lula
247 - Em março deste ano, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou em entrevista ao portal Metrópoles que o estado não precisava de reforço federal na área de segurança pública. Na ocasião, ele declarou: “Eu não preciso que ninguém entre com polícia nova no Rio. A minha polícia está estruturada”.
Segundo Lauro Jardim, do jornal O Globo, na mesma entrevista, Castro destacou que o papel da União deveria se restringir a “cuidar das fronteiras, da lavagem de dinheiro e manter bandido preso”. Sete meses depois, o discurso do governador mudou de forma significativa. Agora, ele afirma estar “sozinho” no combate à criminalidade e acusa o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de se recusar a decretar uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem).
Segundo Castro, o Planalto teria negado três pedidos de empréstimo de blindados das Forças Armadas. No entanto, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, rebateu a versão e afirmou que não houve qualquer solicitação formal por parte do governo fluminense.
No Palácio do Planalto, a avaliação é de que o governador tenta transferir responsabilidades, num movimento político de antecipação da disputa eleitoral de 2026. Assessores próximos ao presidente Lula veem nas declarações de Castro uma tentativa de projetar protagonismo e atribuir à União a responsabilidade pela crise de segurança no estado.
Nos últimos meses, o governador tem alternado entre discursos de defesa da autonomia dos estados e pedidos de intervenção federal. Em julho, durante um debate promovido pelo jornal O Globo, Castro criticou a PEC da Segurança Pública — proposta pelo governo federal para ampliar a atuação de Brasília no setor. Na ocasião, classificou o texto como um “subterfúgio” e afirmou que o problema não é estrutural, mas de “vontade política”.


