Cláudio Castro chama Boulos de "paspalhão" e ministro reage: 'deve estar angustiado com as investigações'
Governador do Rio provoca ministro em evento da Conib e recebe resposta irônica sobre aliado preso por tráfico e corrupção
247 - O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), chamou o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (Psol), de “paspalhão” durante a 56ª Convenção da Confederação Israelita do Brasil (Conib), realizada na noite de sábado (8), em São Paulo. A declaração foi uma reação às críticas feitas por Boulos à chacina conduzida pelo governo fluminense, em operação policial que deixou 121 mortos.
Segundo a CNN Brasil, ao ser questionado sobre as falas do ministro, Castro reagiu de forma imediata: “Quem? Esse é um paspalhão. 'Vambora', próximo”, disse o governador. As críticas de Boulos haviam sido feitas durante uma agenda no Morro da Lua, em São Paulo, quando ele afirmou que governadores bolsonaristas “preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido”.
No discurso, o ministro mencionou nominalmente Cláudio Castro e Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, acusando-os de adotar políticas de segurança baseadas na violência e em abordagens generalizadas contra moradores de favelas. Boulos destacou ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi quem tomou a iniciativa de enfrentar o crime organizado de forma estrutural, com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o Projeto de Lei Antifacção, ambos previstos para análise no Congresso Nacional até o fim do ano. “A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela”, afirmou o ministro durante sua fala.
Horas após ser chamado de “paspalhão”, Boulos respondeu pelas redes sociais. “O governador Cláudio Castro me xingou ontem numa entrevista. Vou dar um desconto. Ele deve estar muito angustiado com o avanço das investigações depois da prisão do seu parceiro TH Joias…”, escreveu o ministro, em referência ao deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias (MDB).
Alvo de duas operações policiais, TH Joias foi preso em 3 de setembro deste ano sob acusações de tráfico, corrupção e lavagem de dinheiro. As investigações apontam que ele teria negociado armas com o Comando Vermelho (CV). Antes da carreira política, TH ganhou notoriedade ao vender joias de ouro e diamantes a celebridades como Neymar, Vini Jr., Adriano Imperador e Ludmilla.
Morador do Morro do Fubá, na Zona Norte do Rio, TH herdou o ofício do pai, Juberto, e transformou o pequeno negócio da família em uma joalheria de sucesso em Madureira, segundo o g1. Paralelamente, passou a financiar atletas, músicos e eventos comunitários, como festas do Dia das Crianças em favelas.
O interesse pela política surgiu após conhecer o ex-policial Marcos Falcon, então presidente da escola de samba Portela, assassinado durante a campanha eleitoral de 2016. Pouco tempo depois, TH foi preso entre 2017 e 2018 por suspeita de pagar propina a policiais e negociar drogas e armas. O inquérito da Polícia Civil também o aponta como responsável por lavar dinheiro para as facções Comando Vermelho, Terceiro Comando Puro e Amigos dos Amigos (ADA).
Com o tempo, aproximou-se do MDB e conquistou 15.105 votos nas eleições de 2022, tornando-se suplente. Assumiu uma cadeira na Alerj em 2024, após a morte de Otoni de Paula Pai e a permanência de Rafael Picciani na Secretaria Estadual de Esporte e Lazer.


